A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) é uma prática terapêutica coletiva que promove a mobilização de recursos e competências dos indivíduos, famílias e comunidades. Diante do cenário mundial imposto pela pandemia do coronavírus (COVID-19) a TCI teve que se adequar ao ambiente virtual para a promoção coletiva do cuidado. O objetivo desta pesquisa foi analisar o processo de adaptação da TCI para a modalidade on-line como recurso de promoção à saúde mental na América Latina no contexto da COVID-19, caracterizando as rodas neste novo formato e identificando o trabalho dos terapeutas comunitários e dos polos latinos de formação nesta prática. Estudo do tipo descritivo, observacional, transversal, com abordagem quantitativa, realizado no período de novembro de 2020 a julho de 2021. A coleta envolveu: 1) dados primários – com coordenadores dos polos formadores em TCI na América Latina, chamada etapa “Polos” 2) dados primários com terapeutas comunitários do Brasil e outros países da América Latina, denominada etapa “Terapeutas e 3) análise documental das agendas das rodas de TCI on-line que fazem parte do acervo digital da Associação Brasileira de Terapia Comunitária Integrativa (ABRATECOM), denominada etapa “Agendas”. Participaram da etapa “Polos” 43 coordenadores de polos de formação em TCI. Destes, 37 (86,1%) ofertaram as rodas de TCI no formato on-line no período avaliado e 32 (74,4%) realizaram capacitação dos profissionais para a implantação desta modalidade. Com relação aos registros das rodas on-line, 10,8% (n=4) não efetuaram nenhum tipo de registro e 40,5% (n=15) utilizaram registros manuais. Dentre as dificuldades relatadas para a efetivação dos registros destacaram-se a indisponibilidade de tempo ou de recursos humanos 43,2%, n=16). Na etapa “Terapeutas” participaram 66 profissionais e 49 (74,4%) residiam no Brasil. O gênero predominante foi o feminino com 84,8% (n=56) e a mediana de idade dos participantes foi de 57,0 anos. Com relação à escolaridade, 66,6% (n=44) relataram ter pós-graduação, sendo 40,9% (n=27) com formação na área da Saúde e 25,8% (n=17) da Educação. Sobre a atuação profissional, grande parte dos terapeutas comunitários trabalhava em serviços públicos (40,9%, n=27). Nas rodas de TCI no formato on-line, a maioria dos profissionais (72,7%) relatou ser voluntário e com dedicação em média, de 6,1 horas semanais para a realização das mesmas. Destacou-se a oferta das rodas na modalidade on-line de base comunitária, seguida pelas rodas vinculadas ao setor público. A média de participantes/roda no período avaliado foi de 20,7 e os temas mais citados foram estresse e emoções negativas, seguido de problemas com trabalho/desemprego e conflitos nas relações familiares. Como estratégias de enfrentamento surgiram o fortalecimento do autocuidado, a própria participação nas rodas de TCI e o empoderamento pessoal. Na etapa “Agendas” foi identificado o quantitativo de 799 rodas realizadas no período de abril/2020 a abril/2021. A TCI on-line revelou-se como recurso de promoção à saúde no contexto pandêmico por meio do trabalho articulado dos terapeutas comunitários, ampliando redes sociais solidárias e mostrando-se como uma prática sustentável no cenário latino-americano. Palavras-chave: Terapia Comunitária Integrativa; Terapias Complementares; Saúde Mental; COVID-19.