Sífilis gestacional no território de saúde de Consolação Espírito Santo, 2013 2017: epidemiologia e narrativas de cuidado

A alta prevalência da transmissão vertical da sífilis vem apontando perdas de oportunidades de prevenção durante o período gestacional. Esta pesquisa teve como objetivo analisar a relação dos casos de sífilis gestacional com a atenção à saúde prestada às gestantes com sífilis do território de saúde da Unidade Básica de Saúde de Consolação, no município de Vitória-ES, notificadas no SINAN no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2017. Tratase de um estudo exploratório descritivo de metodologia mista - quantitativa e qualitativa. As fontes de dados da abordagem quantitativa foram prioritariamente os registros de prontuários eletrônicos, complementadas, quando disponível, com cartões e fichas de acompanhamentos e mesmo entrevistas, e da qualitativa, entrevistas semiestruturadas. A taxa de detecção de sífilis gestacional aumentou de 37,3 em 2014 para 64,3 em 2017 e a incidência da sífilis congênita reduziu de 21,5 em 2015 para 12,8 em 2017. Foram analisadas 40 gestações, 20% delas com histórico de sífilis gestacional anterior. O predomínio foi de mulheres não brancas e de baixa escolaridade. Cerca de 88% dos acompanhamentos ocorreu na unidade básica de saúde, 87,5% teve o diagnóstico de sífilis gestacional entre o 1º e 2º trimestre. O Veneral Disease Research Laboratory Test (VDRL) foi solicitado na primeira consulta do pré-natal em 95% das gestações e 87,5% realizou pelo menos 1 teste VDRL. O teste rápido foi registrado para apenas 37% das gestantes. Dos 16 parceiros que realizaram o teste VDRL, 11 foram negativos. 67,5% dos parceiros recebeu prescrição adequada, 42,5% realizou adequadamente as aplicações. A maior parte das prescrições realizadas durante o pré-natal estava em conformidade com o protocolo de tratamento de sífilis gestacional do Ministério da Saúde. Gestantes em situação de rua (20%) ou em uso de drogas estiveram relacionadas ao baixo número de consultas pré-natais, tratamentos inadequados, não tratamento das parcerias e diagnósticos tardios de gravidez e de sífilis gestacional. Dentre as fragilidades encontradas destacaram-se a identificação inadequada ou inexistente da parceria, dados incompletos da avaliação do recém-nascido mesmo na ficha de alta hospitalar, o abandono do tratamento, dificuldade de acompanhamento de gestantes em situação de rua e o desconhecimento da doença. Limitação do estudo foi à ausência ou incompletude dos registros dos prontuários eletrônicos

Ano da defesa: 
2019
Linha de pesquisa: 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Autor: 
Thais Cohen Azoury
Orientador: 
Profa. Dra. Kátia Silveira da Silva
IES associada: 
Fiocruz RJ