A Síndrome de Burnout é um fenômeno clínico caracterizado pelo esgotamento de energia decorrente do estresse crônico no local de trabalho. Provoca, no âmbito profissional, o distanciamento e a redução da eficiência, trazendo também implicações para a vida pessoal. Apresenta importante prevalência entre os Médicos de Família. O presente estudo teve por objetivo analisar a percepção de médicos especialistas em Medicina de Família, inseridos nos serviços de Atenção Primária à Saúde do município do Rio de Janeiro, a respeito de desencadeadores, consequências e medidas de manejo da Síndrome. Para isso, foi realizado estudo qualitativo e exploratório. Como estratégia de coleta de dados realizou-se entrevistas semiestruturadas com dez Médicos de Família da Atenção Primária do referido município. Como a etapa de coleta de dados desenvolveu-se em 2020, em meio à pandemia da Covid-19, o fato foi considerado no desenvolvimento do estudo. Tendo por referencial metodológico a análise de conteúdo, as falas foram transcritas e exploradas em seus significados, identificandose categorias para a discussão. Os resultados apontaram que os profissionais entrevistados conseguiam identificar a relação entre o desenvolvimento da Síndrome e a exposição ao estressor ocupacional, além de indicarem o esgotamento como principal manifestação. A pressão assistencial e a desvalorização do problema pela gestão foram elencadas como principais estressores. Sobre as consequências, o desânimo como consequência para si e insensibilidade frente as demandas do paciente como consequências para o serviço, apareceram como os principais impactos da doença. Os entrevistados reconheciam o medo de contaminação e a possibilidade de transmissão a contatos próximos como elementos novos trazidos pela pandemia da COVID-19. Sobre as possibilidades de manejo, a atividade física foi apontada como medida efetiva pela maioria dos entrevistados. Por outro lado, 70% dos entrevistados relataram não ter experimentado medidas de manejo propostas pela gestão. Frente a complexidade do assunto e do cenário de atuação do Médico de Família, ratifica-se a necessidade de estudos mais aprofundados, inclusive envolvendo o campo da Saúde do Trabalhador para melhor exploração do tema. O trabalho será submetido para apresentação em congresso e um artigo está em fase de elaboração