Consumo alimentar avaliação antropométrica em crianças de zero a um ano de idade

No passado, o perfil nutricional global era caracterizado por uma maior prevalência de desnutrição em locais menos desenvolvidos com predomínio de pobreza, e maior prevalência de excesso de peso nas regiões mais ricas. No entanto, há algumas décadas observa-se uma transição nutricional podendo-se encontrar ambas as condições tanto em regiões mais favorecidas como naquelas em que prevalece a pobreza. Buscas na literatura evidenciam que a maior parte dos estudos epidemiológios que abordam o consumo alimentar e a avaliação antropométrica foram desenvolvidos com crianças maiores, demonstrando a necessidade do desenvolvimento de estudos que tragam evidências para o planejamento de ações de promoção da saúde para crianças menores de 1 ano. Diante disto, este estudo tem por objetivo geral analisar o consumo alimentar e o perfil antropométrico de crianças de 0 a 1 ano de idade de comunidades assistidas/cobertas pela Estratégia Saúde da Família de Fortaleza-CE, e por objetivos específicos caracterizar essas crianças de acordo com suas variáveis sociodemográficas, antropométricas e clínicas; identificar o consumo alimentar e associar o perfil antropométrico com as características sociodemográficas, clínicas e com o consumo alimentar. Trata-se de um estudo observacional, descritivo, com abordagem quantitativa e delineamento transversal realizado nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) de Fortaleza-CE, sendo escolhidas aleatoriamente 6 UAPS (1 por Secretaria Regional), no período de janeiro de 2018 a abril de 2019. A amostra total calculada através da fórmula de populações finitas é de 308 crianças, utilizando-se prevalência de 50% para superestimar a amostra, erro de 5% e grau de confiança de 95% com nível de significância de 5% (equivalência: 1,96). Foram consideradas como variáveis independentes do estudo, as variáveis sociodemográficas, clínicas e antropométricas, além do consumo alimentar, que foram coletadas através de formulário específico. As medidas antropométricas foram realizadas segundo as recomendações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As prevalências de magreza, risco de sobrepeso e sobrepeso/obesidade foram respectivamente 1,6%, 20,5% e 11,7%. À medida que a idade aumenta, maior proporção de crianças tem consumo alimentar inadequado (p<0,001). A média de aleitamento materno exclusivo (AME) para as crianças < 6 meses que não estão em AME somadas às de 6-11 meses foi de 3,1 meses. Dentre os erros alimentares das crianças < 6 meses se destacam o uso de açúcar (8,2%) e a ingesta de mingaus e/ou leite de vaca (28,8%). Entre 6-11 meses, estes erros foram mais expressivos (40,4% e 66,1%). Os erros alimentares uso de liquidificador em papas; uso de açúcar e ingesta de mingaus e/ou leite de vaca se associaram significativamente com sobrepeso/obesidade, sendo que a criança de 0 a 11 meses que usa açúcar tem 3,22 vezes mais risco de ter sobrepeso/obesidade quando comparado com aquela que não usa. A prevalência de sobrepeso/obesidade na amostra de lactentes de Fortaleza mostrou-se elevada, além de mais prevalente que a desnutrição, podendo supor que a transição nutricional nesta faixa etária está ocorrendo. O uso de açúcar adicionado na dieta de lactentes deve ser o mais restrito possível.

Ano da defesa: 
2019
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Ana Paula do Nascimento Monteiro de Barros Rafael
Orientador: 
Prof. Dr. Roberto Wagner Júnior Freire de Freitas
IES associada: 
Fiocruz Ceará