Aumentar a adesão dos homens aos cuidados em saúde e expandir ações superando o modelo estritamente biomédico são alguns dos desafios presentes na atenção primária em saúde (APS). Este estudo observacional de corte transversal quantitativo descritivo teve como objetivo discutir a autopercepção da qualidade de vida de homens usuários de uma unidade de Saúde da família, situada em Manguinhos, Rio de Janeiro. Para tanto, a versão abreviada em português do Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-bref) foi utilizada. A amostra aleatória foi composta por 133 homens residentes no território de referência de uma equipe da estratégia, saúde da família, com idade entre 20-59 anos, faixa etária priorizada na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Para realizar a análise descritiva das variáveis categóricas e facetas dos domínios, foram utilizadas as frequências absolutas e relativas e, na descrição das variáveis quantitativas: medidas de tendência central, dispersão e posição dos dados. A escala Likert estava fixada entre 1 e 5. De acordo com os resultados obtidos, os homens referem uma boa qualidade de vida geral, sendo o domínio físico o mais bem avaliado, seguido do psicológico e relações sociais. O domínio com pior resultado foi o meio ambiente, principalmente em relação às facetas do instrumento que medem a percepção sobre ter recursos financeiros suficientes para satisfazer as necessidades e ter oportunidades de lazer. Em relação às variáveis sociodemográficas, a maioria dos homens procura a unidade devido às demandas agudas, dado este confirmado por estudos anteriores. Além disso, indivíduos com maior renda e grau de escolaridade reportaram melhor percepção da qualidade de vida. Realizar estudos sobre a população de homens pode ajudar a compreender mais profundamente as barreiras existentes nos serviços de saúde, assim como definir estratégias específicas. Dentre as ações coletivas, grupos de saúde do homem devem ser implementados, além da oferta de atendimentos de demandas agudas na unidade de APS. Estratégias como estas, podem ser oportunidades para efetuar ações de promoção e prevenção de saúde individualizada, resultando em ampliação do cuidado dessa população e melhor qualidade de vida. Os resultados do estudo contribuíram para reiterar a ideia de que pessoas que vivem em condições mais precárias encontram formas de valorizar a própria existência e devem ter canais para expressar suas expectativas frente aos serviços de saúde.