Entre o cansaço e a exaustão: percepção dos estudantes de medicina em relação ao Burnout durante o estágio supervisionado

A síndrome de Burnout é uma entidade nosológica com grande repercussão na atualidade dados os seus impactos individuais, sociais e econômicos. A tríade que representa a síndrome constituída por despersonalização, exaustão emocional e baixa realização pessoal acomete milhões de trabalhadores pelo mundo e, em especial, os trabalhadores da área da saúde, principalmente médicos. As pesquisas pelo mundo apontam para um incremento das taxas de Burnout em médicos e residentes de medicina, mas pouco se fala sobre Burnout em internos, estudantes de medicina que já vivenciam o ensino em serviço. Observando o adoecimento dessas pessoas, as normas e diretrizes que regem o ensino apontam para a necessidade de um cuidado com a saúde mental dos estudantes. A Universidade Federal de Uberlândia, campo em que é realizada esta pesquisa, tem passado por constantes e recentes propostas de reformulação do currículo para atender às recomendações da Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Medicina. Em busca de respostas sobre a percepção dos estudantes de medicina acerca da Síndrome de Burnout em sua realidade, propõe-se uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso utilizando-se da estratégia de grupo focal como ferramenta metodológica. Por livre adesão, participaram desta pesquisa 22 internos de medicina divididos em três grupos focais segundo o semestre que cursavam. As falas dos grupos foram transcritas e submetidas segundo Análise de Conteúdo. Destas coletas e consecutivas inferências, delinearam-se quatro categorias: (Con)fusão de papéis: o processo de deixar de ser estudante; Uma síndrome (in)visível: a banalização do sofrimento; Tornar-se médico: forjado no sofrimento; (Des)identificação: efeitos de um processo nada fácil. Em “(Con)fusão de papéis” percebe-se que não há clareza quanto às atribuições de cada ator envolvido no processo ensino-aprendizagem, o que leva a um acúmulo de funções convergindo no estudante. “Uma síndrome (in)visível” trata do negligenciamento da saúde mental. A categoria “Tornar-se médico” traz de uma valorização do sofrimento e a naturalização do mesmo. Por último a “(Des)identificação” conta a dificuldade em identificar-se com o problema, nomeá-lo e entender os fatores causadores para além do sujeito. Não obstante às categorias, talvez o maior achado seja a questão do tempo. Os estudantes são constantemente tolhidos pela escassez dessas horas em um processo de desumanização. Diante de todo o exposto, acredita-se que o processo de ensino precisa ser repensado para que o estudante possa de fato aprender e apreender todos os significados que a Universidade tem potencial para oferecer

https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/29485

Ano da defesa: 
2019
Linha de pesquisa: 
EDUCAÇÃO E SAÚDE: TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DA EDUCAÇÃO, COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS
Autor: 
Suellen Magalhães Dias Oliveira
Orientador: 
Profa. Dra. Flávia do Bonsucesso Teixeira
IES associada: 
Universidade Federal de Uberlândia