Tendência temporal da desigualdade nos fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis entre adultos brasileiros de 2007 a 2016

Doenças crônicas não transmissíveis são uma das principais causas de morte no mundo e no Brasil. Alguns estudos mostram que a distribuição tanto das mortes quanto dos fatores de risco se dá de forma desigual entre os diferentes níveis sociais, com maior carga sobre os mais pobres. No Brasil, embora algumas políticas sociais tenham sido implementadas com foco nos grupos mais vulneráveis, não se tem evidência sobre a tendência da desigualdade para os principais fatores de risco para as DNCT. Este estudo objetivou avaliar a tendência da desigualdade social para hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), tabagismo e obesidade, no período de 2007 a 2016, com base em três estratificadores de equidade: escolaridade, sexo e cor da pele da população adulta residente nas capitais brasileiras. Utilizou-se os dados, entre os anos de 2007 a 2016, do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico realizado pelo Ministério da Saúde do Brasil. A desigualdade foi avaliada por meio do índice angular de inequidade (SII) e do índice de concentração (CIX). A tendência da desigualdade foi estimada pelo método de Prais-Winstern. As análises foram realizadas no software STATA/SE® 12.1. Os fatores de risco concentraram-se nos grupos de menor escolaridade, uma vez que o SII e o CIX, variaram entre 0 e -20. A desigualdade diminuiu para HAS em todas as análises, tanto pelo SII (9,8%), quanto pelo CIX (41,4%), exceto para brancos e para o sexo masculino, em que não houve mudança segundo o SII. Durante o período, houve aumento da desigualdade para DM (21,3%) analisando o SII e manutenção da concentração da desigualdade segundo o CIX, com redução apenas no sexo feminino (18,9%). Para o tabagismo, houve aumento da desigualdade de acordo com o CIX (85,2%), exceto para o sexo masculino em que a desigualdade se manteve constante, e aumento a da desigualdade de acordo com o SII apenas entre os brancos (235,7%). Não houve mudança na desigualdade em relação à obesidade. Concluiu-se que no Brasil os fatores de risco para as DCNT afetam mais pronunciadamente os mais pobres e que ao longo dos últimos dez anos, de um modo geral, houve redução na desigualdade somente para a HAS, aumento para o DM e tabagismo e manutenção para a obesidade. É importante que mais estudos sejam realizados a fim de elucidar a possível causa do aumento da desigualdade em alguns dos fatores de risco analisados para que as políticas e os programas sociais direcionados aos grupos mais vulneráveis possam atingir os resultados almejados.

https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/29021

Ano da defesa: 
2019
Linha de pesquisa: 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Autor: 
Pedro Toteff Dulgheroff
Orientador: 
Profa. Dra. Catarina Machado Azeredo
IES associada: 
Universidade Federal de Uberlândia