Repercussões da Terapia Comunitária Integrativa Sistêmica na Vida Pessoal e Profissional dos Terapeutas Comunitários

Introdução: Esta pesquisa tem como tema a Terapia Comunitária Integrativa Sistêmica (TCI), com foco nas repercussões causadas pela vivência na vida pessoal e profissional dos terapeutas comunitários atuantes na Estratégia Saúde da Família (ESF). A TCI objetiva a partilha de experiências de vida e sabedorias, de forma horizontal e circular, com a potencialidade de transformar sofrimento em crescimento, pelo estímulo ao autoconhecimento, à autonomia, ao empoderamento e à mobilização comunitária. Diante da elevada demanda de problemas na saúde mental dos usuários na ESF, da dificuldade em referenciá-los para serviços especializados e da sobrecarga emocional sofrida pelos profissionais, a pesquisadora se sentiu mobilizada a estudar como a TCI poderia repercutir na vida dos profissionais. Objetivos: Compreender as percepções dos terapeutas comunitários atuantes na ESF sobre as repercussões da TCI na vida pessoal e profissional. Método: Estudo qualitativo, descritivo e exploratório, realizado com profissionais da ESF atuantes como terapeutas comunitários no RS, CE, AM, SP e DF. Inicialmente, contactou-se a presidenta da ABRATECOM, que indicou as coordenadoras dos polos formadores em TCI e, por meio delas, pelo método snowball, identificaram-se 20 participantes: seis ACS, três médicos, três enfermeiros, três técnicas de enfermagem, um dentista, um fisioterapeuta, um nutricionista, um assistente social e uma psicóloga. A análise dos dados foi feita a partir das informações extraídas dos formulários de identificação e do corpus de dados extraídos das entrevistas on-line. O método utilizado para análise foi a análise temática de conteúdo de Bardin. Resultados: Emergiram quatro categorias: a) Repercussões da TCI na vida pessoal e familiar dos terapeutas comunitários; b) Interações profissionais dos terapeutas comunitários; c) Apoio: caminhos e descaminhos no movimento do cuidado na TCI; d) Reinvenção dos encontros em meio à pandemia: entre o presencial e o virtual. Observou-se na fala enfática da maioria dos participantes que a atuação como terapeuta comunitário contribuiu para o autoconhecimento, a consciência dos próprios limites, o sentimento de pertença e a consciência de integralidade com outros sistemas sociais dinâmicos. Este processo foi importante na vida pessoal, familiar e no vínculo com os usuários. Percebeu-se que o apoio dos colegas e da gestão foi fundamental para implementação e manutenção da TCI. Constatou-se que, durante a pandemia, a maioria dos participantes interromperam as atividades na TCI, porém uma profissional continuou a realizá-la on-line. Conclusão: A TCI repercutiu positivamente na vida pessoal, familiar e profissional da maioria dos participantes, principalmente nos territórios onde houve apoio dos colegas e da gestão. Observou-se que a TCI é uma estratégia de abordagem em saúde mental interprofissional apropriada para ESF,
considerando tanto o fato da elevada demanda de pessoas em sofrimento mental que buscam esta porta de entrada do SUS, quanto o potencial apoio que pode oferecer ao profissional terapeuta comunitário individualmente, mediante o fortalecimento dos vínculos entre as equipes e os usuários. Há espaço para intensificar a capilaridade da TCI on-line, que surgida no contexto da pandemia da COVID-19, tem mostrado resultados eficazes onde se conseguiu implantar.

Ano da defesa: 
2021
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO À SAÚDE, ACESSO E QUALIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE
Autor: 
Andréa de Souza Gonçalves Pereira
Orientador: 
Profa. Dra. Ivana Cristina Holanda da Cunha Barreto, Profa. Dra. Kelen Gomes Ribeiro
IES associada: 
Fiocruz Ceará