DESAFIOS DAS FAMÍLIAS PARA PROVER CUIDADOS BÁSICOS EM SAÚDE NA PANDEMIA DE COVID-19: SENTIDOS E SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS PELOS USUÁRIOS DO SUS

Introdução: A COVID-19 é uma doença comunitária, que se dispersa rapidamente e se manifesta de forma similar a outras síndromes gripais, sendo de difícil contenção, mas um dos mecanismos cruciais para seu controle é a aplicação de estratégias especiais de vigilância. Essa pandemia ameaça particularmente a saúde e a renda dos mais pobres e sem vínculo laboral ocupam a periferia das cidades. Diante disso, é preciso uma atenção mais cuidadosa e diferenciada sobre a manifestação da doença, bem como às demandas sociais da população, tendo em vista a situação da desigualdade social e econômica de países como o Brasil. A má distribuição de renda resulta em uma população composta, em sua maioria, por pessoas com situação financeira que varia entre a miséria total e a pobreza, obrigando-as a residir em espaços muito pequenos e, quando muito, com o mínimo de higiene possível para a dignidade humana. Objetivo Geral: Refletir sobre os desafios financeiros para as famílias na prevenção e cuidados básicos da COVID-19, no âmbito da atenção primária à saúde, nas cidades de Porto Seguro, Coaraci e Itabuna. Metodologia: Utilizouse o método misto que envolveu a coleta de dados quantitativos e qualitativos, integrando-os de forma a compreender além das informações fornecidas pelos dados quantitativos ou qualitativos isoladamente. Os dados quantitativos foram computados no programa Statistical Package for the Social Sciences. A análise considerou frequência, desvio padrão, médias e possíveis correlações entre as medidas, sendo os cruzamentos estatísticos significativos descritos no presente trabalho. Assim, foi confeccionada a matriz de correlação de Pearson entre os itens do questionário, sendo utilizado o modelo da análise de regressão linear múltipla. A análise dos dados qualitativos foi realizada através do método Análise do Conteúdo, de Bardin. Para isso, alguns trechos das respostas foram selecionados e organizados em um quadro com os seguintes tópicos: a) tema da resposta; b) ordem da resposta; c) resposta e; d) análise (categoria de análise dos dados). Os resultados produzidos foram sistematizados por significados atribuídos à experiência com a COVID-19. Resultados: Do total de 283 respostas válidas da amostra nas três localidades, 76,33% das pessoas eram do sexo feminino, enquanto 23,67% do masculino. Quanto à cor/raça/etnia autorreferida dos entrevistados, 60,42% deles declararam ser da cor parda; 22,61% preta; 14,84 % branca;1,77% amarela e 0,35% indígena. Na avaliação conjunta dos três municípios, 37,10% dos entrevistadostiveram e/ou tiveram algum familiar com Coronavírus, 51,94% responderam que não teve e/ou tiveram algum familiar com Coronavírus e 10,95% não sabiam ou não desejaram responder. As experiências destas famílias são marcadas por dificuldades de acesso a bens sociais que são necessários para a própria manutenção da vida coletiva e individual. A pandemia da COVID-19, aumentou a vulnerabilidade socioeconômica da população e escancarou os fossos de desigualdade e iniquidade social no Brasil. A piora das condições sociais e a falta de recursos para sobreviver aumentou a vulnerabilidade da população, bem como afetou diretamente as suas condições de saúde. Observa-se um clima de medo da pandemia nas narrativas dos 42 entrevistados. A doença era desconhecida por todos e as informações eram diversas, apontando uma tensão entre grupos que afirmavam e outros que negavam a gravidade da pandemia. As experiências sobre o isolamento social demarcaram um complexo campo das emoções. O medo da morte provoca pânico, angústia, estresse, enfim a pandemia trouxe muitas consequências para a saúde mental dos entrevistados das três cidades pesquisadas. Considerações Finais: As experiências de sofrimento social de determinados grupos populacionais agravaram-se com uma pandemia que impôs restrições de relacionamento sociais e interpessoais a partir de protocolos sanitários, com vista na redução de números de pessoas contaminadas pelo Coronavírus. No contexto dos municípios pesquisados, verificou-se o quanto a pandemia afetou o emprego e a renda das famílias. As famílias menos privilegiadas revelaram piora da situação financeira, pois os custos comparados com a renda foram maiores do que para aquelas famílias com maior poder aquisitivo. Notadamente, as dificuldades de acesso a bens sociais, necessários para a própria manutenção da vida coletiva e individual, alteraram o cotidiano e o modo de relacionar-se, mas também revelaram como estes determinam a situação de saúde. Foi possível compreender os desafios da crise sanitária para essas famílias. Palavras Chave: Saúde; Atenção Primária; Covid-19.

Ano da defesa: 
2022
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO À SAÚDE, ACESSO E QUALIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE
Autor: 
SÉRGIO SILVA DE FREITAS
Orientador: 
Professora Dra. Jane Mary de Medeiros Guimarães.
IES associada: 
Universidade Federal do Sul da Bahia