Abuso sexual em adolescentes: caracterização do perfil das vítimas atendidas no serviço de referência da Região Oeste de Saúde do Distrito Federal no período de julho de 2017 a junho de 2018

A saúde reconhecida como direito no Brasil é condição recente. A promoção de saúde teve seu conceito ampliado com a inclusão de fatores determinantes e condicionantes. A história da violência é tão antiga quanto a própria história da humanidade e se caracteriza por uma violação de direitos, impactando de diferentes formas na saúde. Adolescentes por estar em fase de desenvolvimento com inúmeras descobertas, transformações, dúvidas e incertezas, advindas das modificações estruturais e psíquicas se colocam em situações de comportamento de risco e maior vulnerabilidade. O abuso sexual sofrido por este grupo populacional tem inúmeras consequências por estar relacionado a sequelas neuropsicológicas. Objetivando caracterizar o perfil de adolescentes vítimas de violência sexual em um serviço de referência este trabalho utilizou uma amostra de prontuários de usuários que foram atendidos no período de julho de 2017 a junho de 2018 num serviço de saúde do Distrito Federal. A amostra composta por 90 participantes trouxe como resultados que a maioria das vítimas são mulheres (84,44%) e 75,56% das vítimas se auto reconhecem como parda, a mediana de idade é 12 anos, a maioria das mães tem baixa escolaridade e 40% das vítimas tem defasagem série/ idade de até 2 anos. As famílias em mais de 50% é constituída pela figura materna (56,67%); o principal órgão encaminhador foi o conselho tutelar em 54% e mais de 80% das vítimas não fizeram profilaxias emergenciais, o agressor é em sua maioria masculino, média de idade de 31 anos, conhecido da vítima em 90% dos casos, sendo que mais de 50% é parente, pai e padrasto são os principais abusadores somando 24,44%. A casa da vítima, seguida do agressor são os principais locais de ocorrência. Entre as circunstâncias a violência psicológica é a que teve maior representatividade. A revelação do abuso sexual foi feita a mãe em 45,56% e não foi acreditada por esta figura em quase 15%. Em 74,4% a revelação foi intencional e medo foi o responsável pela demora deste ato, retardando em até 10 meses, quando comparados a outros motivos. Culpa, tristeza e baixa autoestima foram os principais sintomas e teve forte associação com os 26 casos de tentativa de autoextermínio (92,31% tiveram os sintomas de tristeza, 88,46% tiveram sintomas de baixo nível de estima própria e 80,77% tiveram o sintoma de culpa). Comportamento autodestrutivo foi verificado em 44,44% da amostra. A partir dos conhecimentos descritos espera-se que os profissionais de saúde, educação, possam identificar o perfil, os sinais e sintomas, principalmente os psíquicos, entre eles baixa autoestima, para que propiciem ambiência para revelação e intervenção tempestiva com minimização das consequências biopsicossociais.

Ano da defesa: 
2019
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Tatiana Fonseca da Silva
Orientador: 
Prof. Dr. Francisco Eduardo de Campos, Prof. Dr. José Agenor Álvares da Silva
IES associada: 
Fiocruz Brasília