Análise Crítica das Taxas de Cesarianas em um Serviço de Atenção Terciária

O parto cesárea (PC) tem crescido de forma vertiginosa. Entretanto, não existem evidências científicas de que esse aumento tenha colaborado para melhores desfechos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que a Taxa de Cesarianas (TC) deve variar de 10 a 15%. Em 2014, houve um incentivo ao uso da Classificação de Robson (CR) para nortear as avaliações das TCs nos países. Muitos fatores influenciam na tomada de decisão durante a assistência periparto sobre a via do nascimento. A discussão contemporânea gira no sentido de evidenciar características vinculadas à indicação do parto operatório e das causas relacionadas à opção demasiada pelo PC. O PC pode salvar vidas, tanto de mulheres, quanto de recém-nascidos. Neste sentido, a presente dissertação discute a TC, no contexto nacional e local, bem como a utilização da CR para a estratificação das mulheres que são submetidas à assistência obstétrica nas unidades materno-infantis. Produziu-se: i) uma Revisão Sistemática da Literatura sobre a TC e a implementação da CR no Brasil; ii) estudo transversal observacional analítico sobre a TC e a estratificação das mulheres pela CR em uma maternidade escola; iii) um Relatório Epidemiológico da TC do serviço hospitalar estudado. Sem a pretensão de encerrar a discussão, é imperativa a necessidade de questionar os modelos assistenciais, de forma a construir panoramas mais dinâmicos, participativos e multidisciplinares. Utilizar a Classificação de Robson de forma contínua mostrou ser uma boa intervenção no sentido de monitorar as ações das unidades materno-infantis. Por meio de tal análise, é possível agir mais rapidamente, construindo políticas de intervenção e novos protocolos clínicos para, desse modo, ofertar uma assistência cada vez melhor às gestantes. Apesar de colaborar na avaliação dos serviços, percebeu-se como uma limitação da aplicabilidade da CR a quantidade de grupos e a ausência de caracteres, dentro da classificação, que diferenciem os grupos clinicamente mais prevalentes de comorbidades e que, dessa forma, estejam mais propensos ao PC.

Ano da defesa: 
2021
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Lindalva Coelho de Carvalho
Orientador: 
Dr. Eduardo Sérgio Soares Sousa
IES associada: 
Universidade Federal da Paraíba