Avaliação de um programa de rastreamento móvel do câncer do colo do útero em São Luís, MA: impacto e desafios para o rastreamento eficiente.
O câncer do colo do útero ou câncer cervical (CC) é a primeira causa de câncer e morte por câncer nas mulheres maranhenses. O programa brasileiro de rastreamento do CC recomenda a realização da citologia oncótica (CO) cervical a cada 3 anos em mulheres de 25 a 64 anos que iniciaram atividade sexual. Esse foi um estudo de intervenção, prospectivo, analítico-descritivo para a avaliação de um programa de rastreamento do CC através de uma unidade móvel de rastreamento (UMR) em diferentes comunidades da ilha de São Luís no período de abril a agosto/2018. As mulheres foram convocadas para realização da citologia cervical. Os exames foram realizados e os resultados foram entregues nas datas programadas, recebendo orientação e encaminhamento para realização de exame complementar quando necessário. Foi realizado o controle de qualidade e monitorização dos resultados dos exames. Foi aplicado questionário estruturado. Foram realizados 960 atendimentos em 15 comunidades, com 545 mulheres entrevistadas. A mediana de idade foi de 43 anos (34 – 52), sendo 88,2% dentro da faixa etária recomendada. Características socioeconomicas: 47,3% de escolaridade com segundo grau completo, 37,8% eram dona de casa, 16,1% estavam desempregadas, 56,3% eram casadas/união estável e 59,8% tinham renda familiar de até 1sm. Sobre a CO e dificuldades para sua realização: 94,1% fez pelo menos um exame na vida, 78,2% fez um exame nos últimos 3 anos, 48,4% referiu dificuldade para agendamento, 23,3% falta de tempo, 11,2% vergonha, 10,4% falta de dinheiro. A utilização de UMR possibilitou a superação da barreira geográfica para realização da CO, com facilidade no acesso ao exame com padrão de qualidade dentro das diretrizes nacionais, entrega de resultados em tempo hábil e orientação por profissional de saúde treinado. As principais barreiras encontradas ao rastreamento eficiente foram o processo não sistemático de convocação das mulheres, indisponibilidade da UMR para realização da CO em data alternativa e exames subsequentes conforme intervalo recomendado, falhas no acompanhamento dos casos positivos com dificuldades no encaminhamento para unidades habilitadas. A incorporação de tecnologias de baixo custo para melhoria do acompanhamento dos fluxos de rastreamento, resultados e propedêutica pode aprimorar a gestão e efetividade do rastreamento do CC.
