Construindo estratégias de desenvolvimento profissional com os agentes comunitários de saúde (ACS)
Diante dos problemas cada vez mais complexos que se apresentam na Atenção Primária à Saúde (APS) são necessárias soluções que exigem olhares complementares sobre o cuidado. Dessa forma, investir na formação, no desenvolvimento profissional e na qualificação permanente das equipes de saúde, especialmente do ACS, pode ser um caminho profícuo para que haja o enfrentamento desses desafios. Contudo, devido a crescente flexibilização das equipes de saúde da família e do trabalho dos agentes comunitários de saúde, observa-se a crescente desvalorização desses trabalhadores. Nesse sentido, este estudo constitui-se de um primeiro passo para a reflexão sobre o aprimoramento do trabalho do ACS, com ênfase em duas atividades essenciais: o cadastramento e a orientação comunitária, com a finalidade de contribuir com a valorização da APS. Assim, compreender e valorizar a percepção dos ACS sobre o próprio processo de trabalho instituindo estratégias de desenvolvimento profissional, em conjunto, pode contribuir para a qualificação principalmente do cadastramento e das atividades educativas. A pesquisa realizada é de abordagem qualitativa, realizada em uma USF do Rio de Janeiro, com ACS, a partir do modelo de entrevista proposto por Cardoso, 1986, estruturada em quatro módulos. A análise das transcrições das entrevistas utilizou o modelo proposto por Ginzburg, 1989. Posteriormente, foi realizada a devolutiva dos resultados do estudo para os ACS da USF. Isso permitiu o reconhecimento dos aspectos biográficos, das percepções sobre o trabalho prático, e das histórias de vida dos ACS, que modulam sua identificação profissional. Além disso, evidenciou o vínculo com o território e o quanto esses ACS são um dos pilares da ESF. A atuação desses trabalhadores guarda grandes desafios e muitas vantagens, como a gratidão das pessoas cujas necessidades são atendidas, apesar da complexa tarefa de equalizar a oferta dos serviços e a procura da população. Apesar disso, os ACS ainda exercem um papel coadjuvante no processo de trabalho, apesar da valorização do trabalho em equipe. Vale ressaltar que a desestruturação do cadastramento e da orientação comunitária, são desafios advindos das greves na saúde, da mudança de modelo de gestão, da pandemia, e da sobrecarga de trabalho. Portanto, instrumentalizar os ACS com ferramentas que possam aprimorar seu trabalho é fundamental para lidar com os desafios e fortalecer a APS, desde que articuladas com as necessidades dos trabalhadores e do território. Palavras-Chave: Agentes Comunitários de Saúde. Atenção Primária à Saúde. Estratégia Saúde da Família.