Desafios no atendimento à Saúde da Criança por médicos da Estratégia de Saúde da Família

O atendimento em Saúde da Criança por médicos da Estratégia de Saúde da Família (ESF) fundamenta-se em recomendações do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. Torna-se necessário identificar as dificuldades dos médicos da ESF para ofertarem assistência em Saúde da Criança no município de Patos de Minas - MG, já que a assistência na Atenção Básica é prestada pela ESF em quase todo o território neste município. Foi aplicado questionário estruturado aos 42 médicos que atuam na ESF, com questões específicas relacionadas ao perfil profissional e da equipe da ESF na qual está inserido, e quanto às ações em Saúde da Criança na anamnese, exame físico, exames laboratoriais e orientações. Foram realizadas análises descritivas apresentando frequências absoluta e percentual das variáveis categóricas e médias e desvios padrões das variáveis métricas. Trinta e dois médicos (76,2%) responderam o questionário. O principal motivo para os médicos estarem na ESF foi o interesse pelo trabalho na Atenção Básica (78,0%). As dificuldades mais frequentes relacionadas à equipe foram a falta de realização dos grupos de puericultura (40,6%) e a ausência da puericultura compartilhada com o enfermeiro (40,6%). Os participantes apontaram que as habilidades clínicas e a abordagem familiar são fatores que dificultam a realização da consulta de puericultura. As dificuldades apresentadas pelos médicos foram quanto às habilidades no exame físico do recém-nascido, principalmente exame dos olhos (59,3%), audição (62,5%) e avaliação neurológica (53,1%). Dentre os testes oftalmológicos na infância a dificuldade variou de 68,7% para acuidade visual até 93,7% para o teste de cobertura. Dificuldades relacionadas à estrutura física inadequada e/ou inexistência de equipamento ocorreram para a realização do Teste do Olhinho (34,4%) e para a aferição de pressão arterial (68,6%). Dificuldades devidas ao desconhecimento de recomendações do Ministério da Saúde ocorreram com o rastreamento de anemia (15,6%) e rastreamento do perfil lipídico (40,6%). Quanto às orientações 15,6% dos médicos não abordam as curvas de Índice de Massa Corporal com as famílias, assim como 18,7% não abordam assuntos relacionados às diversas formas de violência na infância. As dificuldades identificadas nos médicos quanto às habilidades clínicas, podem estar relacionadas à qualidade de formação na graduação, que ocorre por não enfatizar todas as competências necessárias para a adequada assistência em Saúde da Criança na Atenção Básica, assim como à ausência ou ineficácia de educação permanente durante o exercício profissional. A assistência à criança em Patos de Minas apresenta falhas, que estão relacionadas a fragilidades dos médicos, à estrutura física e de equipamentos e às equipes da Estratégia de Saúde da Família.

https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/26603

Ano da defesa: 
2019
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Francis Jardim Pfeilsticker
Orientador: 
Prof. Dr. Wallisen Tadashi Hattori
IES associada: 
Universidade Federal de Uberlândia