Diagnóstico por imagem: nível de conhecimento e uso racional entre médicos da atenção básica e médicos residentes

Introdução: Diante dos avanços tecnológico-científicos, da demanda do paciente por mais exames e maior disponibilidade e funcionalidade dos métodos de imagem, além do envelhecimento e complexidade clínica da população, houve e continua havendo um significativo crescimento dos exames de diagnóstico por imagem e dos serviços nas últimas décadas. Existe uma falta de padronização do ensino de radiologia nas instituições, apontando a necessidade de reavaliação dos currículos médicos para se garantir o uso racional, consciente e eficaz dos recursos de imagem, com benefícios para o médico, para o paciente e para o sistema de saúde. Objetivo: Avaliar o nível de conhecimento dos médicos da atenção primária e residentes de clínica médica sobre os exames de imagem bem como seu uso racional através da indicação correta dos métodos em situações clínicas da prática diária, comparando-se os dois grupos e também com variáveis sócio-demográficas e de atuação e formação profissionais. Materiais e Métodos: Estudo realizado com 123 médicos, integrantes da atenção primária à saúde e/ou residentes de clinica médica e São Luis, MA, por meio de questionário estruturado contendo questões sobre conhecimentos gerais e indicação dos métodos de imagem. Trata-se de estudo quantitativo, transversal, analítico, observacional, não intervencionista. Resultados: A maioria era do sexo feminino (55,3%; n=68), idade de 20 a 30 anos (44,7 %; n=55), sendo 65 (52,8%) da atenção básica (AB) e 58 residentes (47,2%), com 63,4% médicos atuantes em serviços de urgência. Houve maior nível de conhecimento expressado por percentual médio de acerto (%m.a) entre o grupo de médicos residentes (%m.a= 85,7 ±6,4) quando comparados aos médicos da AB (%m.a=78,2±15), com menos tempo de formados (% m.a=83,35±11,1). Melhor indicação de exames foi observada entre médicos residentes de clínica médica (%m.a): 85,99±8,22 versus médicos da AB com %m.a de 77,40 ±14,31) com p<0,001.Médicos que atuam em serviço de urgência (84,70±7%) apresentaram maiores médias. Houve percentual de erros significativos no conhecimento sobre os contrastes venosos e sobre os riscos da radiação ionizante em ambos os grupos, sendo maior ainda nos médicos da AB (52,3% e 60%). Embora médicos da AB tenham tido bom aproveitamento em indicar exames de imagem em situações específicas, na maioria dos casos os residentes mostrara, superioridade de acertos. Conclusão:O nível de conhecimento geral em exames de diagnóstico por imagem e a capacidade de indicar corretamente os mesmos em situações clínicas foi maior no grupo de médicos residentes do que entre médicos da atenção básica. Ser residente de clínica médica, atuar em serviço de urgência e emergência e ter menor tempo de graduação foram as variáveis associadas à melhor indicação correta dos 8 exames de imagem entre os médicos. Os resultados evidenciam algumas deficiências relevantes no conhecimento entre todos os médicos sobre características gerais e de segurança dos exames de imagem, com destaque ao baixo conhecimento sobre uso de contrastes venosos e os riscos da exposição à radiação. Considerações finais: O conhecimento sobre métodos de imagem e a solicitação adequada são essenciais para o atendimento médico de qualidade, visto que seu uso incorreto pode afetar o cuidado ao paciente e expor a riscos desnecessários, além de atraso ao diagnóstico e tratamento. A radiologia está entre as especialidades médicas que mais vem sofrendo modificações em decorrência dos avanços tecnológicos.

Ano da defesa: 
2021
Linha de pesquisa: 
EDUCAÇÃO E SAÚDE: TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DA EDUCAÇÃO, COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS
Autor: 
Thiara Castro de Oliveira Memória
Orientador: 
Profa. Titular Dra. Maria do Rosário da Silva Ramos Costa, Dra. Maria do Carmo Lacerda Barbosa
IES associada: 
Universidade Federal do Maranhão