Diagnóstico tardio das pessoas com hanseníase: compreendendo seus itinerários terapêuticos

Esta pesquisa buscou identificar, por meio do itinerário terapêutico, os motivos que levam ao diagnóstico tardio da hanseníase e a repercussão desse atraso na vida das pessoas acometidas pela doença. Para a realização do presente trabalho, foram feitas entrevistas, bem como levantamento de prontuários dos pacientes que chegaram à unidade de saúde apresentando grau de incapacidade física I ou II no momento do diagnóstico. O estudo foi realizado em uma unidade de saúde situada no bairro de Guadalupe, localizado na Zona Norte do município do Rio de Janeiro. A referida unidade está inserida na divisão da Coordenadoria da Área de Planejamento 3.3 (CAP 3.3). Os dados foram explorados mediante análise de conteúdo, utilizando-se critérios de classificação dos resultados obtidos em categorias de significação. Estas, por sua vez, foram agrupadas em três blocos de acordo com as entrevistas realizadas, que abordaram o acesso e a percepção do usuário relativa ao serviço de saúde, à resposta do serviço, à continuidade da atenção e às crenças e valores associados à doença. Posteriormente, estigmas e preconceitos foram abordados. Por fim, o terceiro bloco teve como objetivo avaliar os cuidados. Pôde-se observar, por meio dessas narrativas, que 46% dos pacientes acometidos com grau I e II de incapacidade física procuraram os serviços de saúde quando tiveram suas capacidades laborativas comprometidas ao ponto de atrapalharem suas forças de produção ou atividades do cotidiano. O “sentir-se doente” por essas pessoas ultrapassou o limite de percepção precoce da doença, dificultando, assim, o início do tratamento a tempo de evitar sequelas. Conclui-se que o diagnóstico tardio da doença tem gerado grandes e importantes graus de incapacidades físicas em um número considerável de pessoas acometidas. Apesar dos grandes avanços obtidos para diagnóstico e tratamento da doença, e dos esforços para a descentralização dos serviços de saúde, novas estratégias de captação precoce desses pacientes precisam ser pensadas, visto que a espera pela demanda espontânea não tem trazidos grandes resultados.

Ano da defesa: 
2021
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO À SAÚDE, ACESSO E QUALIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE
Autor: 
Ilsa de Souza Carvalho
Orientador: 
Profa. Dra. Regina Fernandes Flauzino
IES associada: 
Universidade Federal Fluminense