Educação permanente para médicos da Estratégia de Saúde da Família de um município polo de Minas Gerais

A Educação Permanente em Saúde (EPS) se apresenta como uma proposta de aprendizagem no trabalho, em que o aprender e o ensinar tornam-se inerentes ao cotidiano das organizações. A EPS se baseia na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar as práticas profissionais. Para a Atenção Primária à Saúde (APS), a efetiva EPS é desejável e está inserida na última Política Nacional da Atenção Básica (PNAB), na qual concerne acerca da responsabilidade do Estado, na disponibilização para os municípios de instrumentos técnicos e pedagógicos que facilitem o processo de formação e educação permanente dos membros das equipes de gestão e de atenção. Ressalta-se a importância da institucionalização desse processo nos municípios, pois se espera pela melhoria do desenvolvimento das práticas da Estratégia de Saúde da Família (ESF), já que tem sido o modelo prioritário de reorganização da APS no Brasil. Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar as necessidades de educação permanente em saúde dos médicos da ESF, de um município polo de Minas Gerais. O estudo foi realizado nas UBS com ESF, no referido município, com a participação de 52 médicos da APS, lotados nessas ESF. A coleta de dados foi realizada em duas etapas: 1a - aplicou-se questionário com perguntas fechadas e abertas; 2a - realizou-se entrevista semiestruturada. Na etapa quantitativa os dados foram processados por análise descritiva e, na qualitativa, por meio da análise de conteúdo, do tipo análise temática, utilizando-se de software IRAMUTEQ. Na etapa quantitativa, foram construídas 4 categorias: 1. Caracterização sociodemográfica, de formação e trabalho dos médicos da ESF; 2. Educação permanente e continuada dos médicos da ESF; 3. Atributos da APS, princípios e ações desenvolvidas na ESF pelos médicos; 4. Satisfação, reconhecimento e valorização do trabalho médico na ESF. 98% dos participantes informaram realizar educação permanente, porém, verificou-se que há dificuldade de entendimento entre educação permanente (EP) e continuada. Observou-se que a educação continuada é uma prática importante e muito presente na educação desses profissionais A modalidade mais citada de EP foi a educação a distância (83%). Dentre as atividades diárias realizadas pelos médicos, as de participação com a comunidade foi a mais referida (21,4%). Na etapa qualitativa emergiram duas categorias: 1. Habilidades e competências para o médico da ESF; 2. Importância da EP na prática médica na ESF. Na primeira, o perfil médico necessário coaduna com o currículo baseado em competências na Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade; a relação médico-paciente, a sinergia e harmonia do trabalho em equipe, além da competência clínica e a importância de um olhar mais humanizado, são características destacadas nesse perfil. Na segunda, quanto à EPS, apesar de não se haver um total entendimento, sendo confundida com a EC, apresentou-se importante em aproximar-se à origem do exercício profissional a fim de promover as transformações pertinentes. Este estudo é inovador no município até esta data e objetiva-se com este contribuir para um futuro projeto de educação permanente dos médicos da ESF e favorecer o modelo assistencial de saúde da ESF.

 

https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13145

Ano da defesa: 
2021
Linha de pesquisa: 
EDUCAÇÃO E SAÚDE: TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DA EDUCAÇÃO, COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS
Autor: 
Ana Paula Vilas Boas Alves Wheberth
Orientador: 
Profa. Dra. Beatriz Francisco Farah
IES associada: 
Universidade Federal de Juiz de Fora