Escrevivências sobre cuidados em Saúde Mental a partir das Práticas Integrativas e Complementares no contexto do encarceramento

O objetivo desta pesquisa foi cartografar uma experiência de cuidado em saúde mental numa prisão, por meio da implementação de um grupo com Práticas Integrativas e Complementares (PICS). O campo de produção de dados foi numa penitenciária, situada no sertão pernambucano, os participantes foram 10 pessoas privadas de liberdade, que compuseram o grupo de cuidados em saúde mental com PICS, no contexto de encarceramento. A proposta grupal ocorreu de modo a partir do protagonismo dos participantes, pois trabalhar com saúde mental no contexto prisional, requer dispositivos e ferramentas que produzam deslocamentos, no sentido de criação de territórios existenciais de vida e possibilidade de trocas afetivas e sociais. Ressalta-se que, o manejo com as PICS apresentou-se como possibilidade de atuar nessa perspectiva. As práticas inseridas na processualidade dos encontros grupais para produção de saúde mental, oportunizou a criação de um espaço de cuidado que favoreceu a bifurcação dos modos homogeneizantes de se relacionar, característicos da instituição prisional. Metodologicamente, esta pesquisa foi desenvolvida a partir da escrita cartográfica. Esta, pressupõe a produção de cenas, que decorrem da imersão da cartógrafa na realidade estudada, do contato direto com os atores no campo. Optou-se pelos dispositivos de observaçãoparticipante e entrevista-conversação, com registro minucioso em diários de campo, como também, lançou-se mão da produção de mapas inspiradas em Deligny (2015). A partir dos registros produzidos, emergiram quatro categorias empíricas: “Antagonismo da instituição total com o modelo de atenção psicossocial”, “O grupo de cuidados em saúde mental com PICS também é território”, “PICS e saúde mental na prisão: um caminho para produção de novos modos de cuidado” e “Mapas de Deligny (2015) enquanto dispositivos agenciadores de subjetividades”. Os resultados desta pesquisa apontaram as PICS em saúde mental como um dispositivo potente para produção de subjetividade, oportunizaram estreitar laços com os participantes do grupo, para que o cotidiano do encarceramento pudesse ser (re)conhecido de modo a balizar a produção de cuidados em saúde mental, culminando na construção da cartilha: “Cuidados em Saúde Mental a partir das Práticas Integrativas e Complementares no contexto de encarceramento”, com ênfase no manejo para atenção psicossocial, no contexto de privação de liberdade. Destarte, considera-se ao longo deste percurso a importância de apontar caminhos para que este processo cartográfico não se esgote por si mesmo, mas siga influenciando o cotidiano do cuidado em saúde prisional balizado pela atenção psicossocial, em consonância com os precitos da reforma psiquiátrica. Palavras-chave: Saúde Mental. Práticas Integrativas e Complementares. Prisão.

Ano da defesa: 
2022
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Alane Juscení Menezes Cordeiro
Orientador: 
Profa. Dra. Helena Moraes Cortes
IES associada: 
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia