Estudo da conformidade e dos processos de uso dos esfigmomanômetros da rede de Atenção Básica de um munícipio do Recôncavo Baiano

Introdução: Hipertensão arterial é um reconhecido fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O uso de esfigmomanômetros fora de conformidade é causa de erros sistemáticos na aferição da pressão na atenção básica, contribuindo para o insucesso das políticas públicas de assistência ao paciente hipertenso. Objetivo: o objetivo desse estudo foi verificar a taxa de inconformidade e os processos de uso dos esfigmomanômetros da rede de atenção primária de um município do Recôncavo da Bahia. Metodologia: trata-se de uma pesquisa de campo descritiva, censitária, com delineamento transversal e abordagem quantitativa. O protocolo de verificação da conformidade foi equivalente ao preconizado pela legislação brasileira. Adicionalmente, foi aplicado aos gestores das unidades de saúde um questionário acerca dos processos de trabalho envolvendo o uso dos esfigmomanômetros. Para a análise de dados foi aplicada estatística descritiva básica e análise de relações bivariada (teste “t” de Student, Mann-Whitney, Qui-quadrado, ou exato de Fischer quando apropriado) e multivariada (regressão logística), com nível de significância de 5%. Resultados: foram avaliados 106 esfigmomanômetros de 28 unidades de saúde da rede de atenção primária. A totalidade dos dispositivos era de modelo aneroide, com 33% inseridos em território rural.Somente 3 (3%) dispositivos haviam sido submetidos a avaliação periódica em algum momento do seu tempo de uso. Foram identificados 49 (44%) esfigmomanômetros fora de conformidade. Erro de calibração superior a 4 mmHg foi identificado em 32% da amostra e escape de ar do manguito em 24%. Em 4 unidades da rede não havia nenhum dispositivo em conformidade para uso. O erro médio absoluto encontrado entre os dispositivos descalibrados foi de 7,35 ± 3,93
mmHg, com um erro máximo de 19,5 mmHg . Apenas 2 unidades de saúde relataram possuir algum protocolo de verificação periódica. A aferição pela modelagem de triagem era adotada por 60% das equipes, sendo que 68% das unidades permitiam a circulação do
esfigmomanômetro entre diferentes ambientes. Regressão logística evidenciou que para cada ambiente a mais de circulação na unidade houve um aumento de 22% da chance de perda da conformidade do dispositivo. Conclusão: a taxa de inconformidade dos  esfigmomanômetros na rede de atenção primária se mostrou elevada, ao mesmo tempo em que se evidenciou que determinados aspectos do processo de trabalho das equipes se associaram com uma maior chance de perda da conformidade do dispositivo.

Ano da defesa: 
2021
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Cleto José Sauer Júnior
Orientador: 
Profa. Dra. Dóris Firmino Rabelo
IES associada: 
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia