Fatores sociais e de saúde relacionados à gravidez na adolescência

INTRODUÇÃO: A adolescência compreende uma fase do ciclo vital que oferece ao indivíduo uma condição intrínseca de vulnerabilidade, necessitando, assim, de proteção e cuidados físicos, psíquicos e morais. OBJETIVOS: Analisar os fatores sociais e de saúde relacionados à gravidez, entre as adolescentes primíparas, primigestas e nuligestas. MÉTODO: Delineamento transversal controlado e analítico, realizado em Unidades Básicas de Saúde em Teresina (PI). A amostragem foi probabilística aleatória, com subdivisão de grupos, correspondendo a 35 adolescentes primíparas, 35 adolescentes primigestas e 35 nuligestas. Para a coleta de dados, foram utilizados um formulário contendo variáveis sociodemográficas, econômicas, uso de fumo e álcool e comportamento sexual e os seguintes instrumentos de medida: Alcohol Use Disorder Identification Test, para identificação do consumo de álcool; Parental Bonding Instrument, para verificação das memórias do comportamento de criação dos pais; Questionnaire for the Measurement of Social Capital from the World Bank - short version, para medida do capital social; e Social Vulnerability Index, para medida da vulnerabilidade social das adolescentes. Os dados foram processados no software IBM® SPSS® e foram calculadas estatísticas descritivas e inferenciais. O estudo foi aprovado com parecer no. 2.883.285. RESULTADOS: Foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre as médias de idade, que variou de 16,2 a 17,7 anos, e a escolaridade das adolescentes. Houve associação estatisticamente significativa para as variáveis, situação conjugal, ocupação, nível educacional da mãe e estrato socioeconômico. Primíparas 17 (42,5%) e primigestas 19 (47,5%) apresentaram maiores frequências de vivência com companheiro, sem ocupação ou em exercício de atividade sem qualificação foi mais prevalente nos grupos das primíparas 16 (45,7%) e primigestas 15 (42,9%); as frequências de mães com menor nível de escolaridade foi significativamente superior para as primíparas 16 (43,2%) e primigestas 15 (40,5%) e a maioria destas, pertencente aos estratos econômicos C, D ou E, com 31 (36,0%) e 32 (37,2%), respectivamente; as percepções das adolescentes quanto às memórias do comportamento de criação do pai, foram classificadas como vínculo negligente nos grupos das primíparas 20 (57,1%) e primigestas 20 (57,1%). E as nuligestas tiveram maiores frequências de controle sem afeto 10 (28,6%) e controle afetivo 11 (31,4%). Dentro de cada grupo, foram verificadas diferenças estatisticamente significativas entre os escores médios das dimensões do Capital social, sendo maior para informação e comunicação. Foi verificada associação significativa entre a presença de relações sexuais nos últimos 12 meses e a paridade, em que maiores frequências foram verificadas dentre as primíparas 24 (33,3%) e as primigestas 33 (45,8%). CONCLUSÃO: As nuligestas em relação às primigestas e primíparas, apresentaram melhores condições socioeconômicas; maior nível de percepção de afeto/cuidado dos pais com o vínculo controle sem afeto em relação à mãe e controle afetivo, em relação ao pai; maior acúmulo de capital social e menor nível de vulnerabilidade social. Em relação ao uso do tabaco e de álcool e comportamento sexual, não houve diferenças significativas entre os grupos. Espera-se que os resultados da pesquisa possam contribuir para a implementação de intervenções no enfrentamento da gravidez na adolescência, tanto na Estratégia Saúde da Família, como nas Escolas e possibilitem a agregação de novos elementos sobre a experiência da gravidez na adolescência à produção científica

Ano da defesa: 
2019
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Joana Elisabeth de Sousa Martins Freitas
Orientador: 
Profa. Dra. Marize Melo dos Santos
IES associada: 
Universidade Federal do Piauí - Campus Picos