Desde a expansão da atenção primária à saúde (APS) no Brasil a partir da criação do Programa Saúde da Família, é notável a contradição entre a crescente demanda por profissionais médicos com formação especializada para atuar no SUS nesse nível de atenção e a escassez de vagas em programas de residência da especialidade. A presente dissertação tem por objetivo avaliar o processo de implementação do programa de residência médica em medicina de família e comunidade (MFC) da Secretaria de Saúde do Recife (Sesau-Recife), entre 2013 e 2019. Consiste em um estudo de caso, de abordagem qualitativa, de caráter descritivo e analítico. Utilizamos, para a coleta de dados, dois métodos de pesquisa: a análise documental relacionada a documentos públicos de interesse; e a realização de entrevistas semiestruturadas com informantes-chave escolhidos entre os gestores da secretaria de saúde da cidade do Recife (PE), entre trabalhadores de saúde diretamente ligados ao PRMFC, além de médicos egressos do programa. A análise das entrevistas foi realizada por meio da análise de conteúdo. Entre os resultados da análise documental, apresentamos uma caracterização sociopolítica da cidade do Recife e reunimos a legislação, decretos, portarias e resoluções de interesse para a implementação de PRMFCs. Entre os resultados da análise de conteúdo da transcrição das entrevistas realizadas com informantes-chave, apresentamos categorias iniciais, intermediárias e final. Realizamos a avaliação da implementação do programa à luz dos critérios de economicidade, eficiência administrativa, eficácia, envolvimento dos preceptores de MFC, formação pedagógica, avaliação de aprendizagem, dos estágios e preceptores, contribuição ao desenvolvimento do sistema local de saúde. A avaliação do processo de implementação foi predominantemente positiva. O estudo apresenta algumas limitações inerentes às opções metodológicas escolhidas, somadas ao desafio de fazer pesquisa em um contexto de pandemia da Covid-19, com menor possibilidade de acesso a documentos físicos.