As mulheres transexuais e travestis da comunidade da Favela/Vila Aparecida: Trajetórias e relações sociais sob a ótica do processo de saúde e adoecimento

A premissa da equidade, com seu compromisso de “não deixar ninguém para traz” da Organização Mundial de Saúde nos traz um olhar especial para a população LGBTQIA+ Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexuais, Mais (outras identidades)). Nesse recorte, a dita população T (Travestis, Transexuais, Transgêneros) é especialmente atingida por diversos estigmas sociais que impactam no seu processo de saúde e adoecimento, e a Atenção Primária à Saúde como um espaço primordial de acesso ao sistema e foco comunitário, tem papel fundamental para a garantia de direitos dessa população. Por isso, com o objetivo de auxiliar na construção da visibilidade das representações que as mulheres trans e travestis moradoras da Favela/Vila Aparecida têm sobre a sua trajetória de vida, interconectando suas relações sociais aos processos de saúde e adoecimento foram realizadas entrevistas em profundidade e elaboração de Ecomapa, análise de conteúdo com identificação de categorias temáticas. Todas as 5 (cinco) travestis e mulheres transexuais residindo na Favela/Vila Aparecida foram entrevistadas. A média de idade foi de 27,5 anos, sobre a autodeclaração de raça/cor: 1 (uma) é branca, 2 (duas) pardas e 2 (duas) negras. 2 (duas) encontram-se com vínculo de trabalho formal e 3 (três) sem ocupação. 4 (quatro) apresentavam ensino médico completo e 1 (uma) ensino fundamental incompleto. As áreas temáticas elencadas foram: Autopercepção de Saúde e Adoecimento, Relações Familiares e Afetivas, Relação com a Comunidade, Relação com os Serviços de Saúde e Relação com Políticas Públicas. A maioria apresenta vínculos familiares fortes, que geram uma rede de apoio comunitária, todas fazem seu acompanhamento de saúde unicamente no centro de saúde, sendo relatado terem passado dificuldades inicialmente com o uso do nome social, e a longitudinalidade foi um atributo da APS identificado como positivo nesse processo. O principal fator de adoecimento foi a dificuldade de conseguir emprego, em geral por transfobia. Também foram citados o medo do HIV, a patologização das identidades trans e falta de representatividade de pessoas trans nos espaços. Conclui-se que ainda há muito a evoluir em políticas públicas que promovam equidade e saúde para as mulheres trans e travestis, em especial na garantia de cuidados a saúde, incentivos à empregabilidade trans e combate à transfobia, porém as mulheres da comunidade estudada e suas famílias nos indicam como o acolhimento e apoio podem ser fatores diferenciais nessas trajetórias de vida.

http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/13665

Ano da defesa: 
2021
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Gabriela Persio Goncalves
Orientador: 
Profa. Dra Eloísa Helena de Lima
IES associada: 
Universidade Federal de Ouro Preto