Oferta e inserção do DIU de cobre na atenção primária à saúde: fatores dificultadores no âmbito da estratégia Saúde da Família no DF

Objetivo: Conhecer os fatores que influenciam a disponibilidade da inserção de DIU por eSF, no DF. Métodos: Foi aplicada pesquisa amostral por meio de questionário online estruturado junto aos médicos e enfermeiros de família que atuam em uma das 603 eSF das 174 UBSs do DF para caracterizar os profissionais e contextos de atuação em relação ao tema. Resultados: Das 174 UBSs, em 107 (61,49%) pelo menos 1 profissional se manifestou, abrangendo todas as 6 regiões de saúde do DF. Dos 321 respondentes, após aplicados os critérios de inclusão e
exclusão, restaram 285, resultando em uma margem de erro de 5,07% para 95% de nível de confiança, considerado o universo de aproximadamente 1.200 profissionais. A maioria dos participantes da pesquisa era composta por médicos (50,79%), de gênero feminino, casados(as) ou vivendo em união estável, com a faixa etária predominante de 30 e 40 anos. 60,94% é favorável à inserção de DIU por enfermeiros e enfermeiras. Cerca de 66% dos respondentes registrou que a inserção do DIU foi suspensa em decorrência da pandemia de coronavírus. Os profissionais apontaram os seguintes fatores impeditivos ou prejudiciais à inserção do DIU de cobre: Falta de treinamento (53,78%), sobrecarga de trabalho (37,45%), indisponibilidade de material (30,68%), revogação da nota técnica que autorizava a inserção do DIU por enfermeiros (30,28%), outros motivos, tais como problemas de gestão (18,73%) e motivos religiosos (11,16%). Para 10,76% não houve fator impeditivo ou prejudicial, e 2,97% entende que o DIU não deve ser inserido na APS. Os profissionais também apontaram critérios para acesso ao DIU de cobre, sendo eles: não estar grávida (82,05%), não ter sinal de infecção local (70,94%), não ter sinais sugestivos de câncer de colo do útero (70,94%), ter coletado CCO recentemente (53,42%), indicação do médico ou enfermeiro (39,32%), ter participado do grupo de planejamento reprodutivo (33,76%), ter realizado USG (30,77%), ter acima de 18 anos (18,80%), estar menstruada (17,09%), outros critérios (11,54%) e ter filhos (6,84%). Conclusão: existem barreiras que dificultam o acesso à inserção do dispositivo intrauterino pelas usuárias das unidades básicas de saúde do Distrito Federal. Esses entraves dizem respeito aos excessos de critérios estabelecidos pelos serviços de saúde, limitação da atuação do enfermeiro, ausência de capacitação  adequada e um protocolo pré-estabelecido para inserção desse dispositivo na atenção básica, preferência de não inserção e escolha de outros métodos contraceptivos vindo dos profissionais de saúde devido à sobrecarga de trabalho ou medo de falhas e à gestão e organização do serviço.

Ano da defesa: 
2021
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Fabiana Soares Fonsêca
Orientador: 
Prof. Dr. Felipe Cavalcanti
IES associada: 
Fiocruz Brasília