Oficinas pedagógicas para implantação do acolhimento à demanda espontânea em uma equipe de Saúde da Família de uma capital da Amazônia Ocidental

Com a criação do SUS, em 1990, tendo-o como direito constitucional do brasileiro e dever do Estado, esforços têm sido feitos para garantir que o Sistema Único possa, de fato, cumprir com os princípios da universalidade, equidade e integralidade. Nesse sentido, cabe à Atenção Primária organizar a porta de entrada e a estratégia de Saúde da Família em prover o acesso ao usuário. Para tanto, o acolhimento passa a ter papel fundamental. Este trabalho tem como objetivo principal implantar o acolhimento à demanda espontânea com escuta qualificada em uma equipe de Saúde da Família da zona urbana de Porto Velho. Para tanto, foi desenvolvido um estudo de intervenção não controlado através da técnica de rodas de conversa realizadas com a referida equipe. Para a análise da realidade, utilizou-se o Arco de Maguerez como metodologia, observando-se os problemas, causas e consequências que dificultam o acolhimento. Por meio do Arco, a equipe identificou os pontos-chave, teorizou os conceitos, criou e aplicou hipóteses de solução, definindo um novo fluxo de usuários, bem como elaborou uma ficha de classificação de risco e vulnerabilidade a ser utilizada para os usuários que adentram à unidade por demanda espontânea. Os dados resultantes da transcrição das entrevistas e do diário de campo utilizado durante a observação não-participante foram avaliados com base na Análise de Conteúdo, do tipo análise temática. Diante dos resultados encontrados, foi possível construir as seguintes categorias: (1) Processo de trabalho: ainda está centrado no saber do médico, onde o modelo utilitarista não permite o cuidado integral; (2) Trabalho em equipe: favorece a prática colaborativa interprofissional, estimulando a utilização da clínica ampliada e projeto terapêutico singular; (3) Acolhimento com escuta qualificada: a equipe entende que acolher implica a escuta qualificada bem como a responsabilização pela resolução do problema; (4) Dificuldades: para implantar o acolhimento com escuta, a principal dificuldade vem a ser a falta de capacitação dos profissionais e escassez de equipamentos e medicamentos nas unidades básicas; (5) Facilidades: o acolhimento fez com que a equipe trabalhasse com mais respaldo e tranquilidade; e (6) Avaliação das oficinas: os profissionais apontaram que as rodas de conversa foram úteis, pois estimularam a equipe a se organizar com mais propriedade de conhecimento a partir da realidade da comunidade. É indiscutível que o acolhimento é uma ferramenta de reorganização do processo de trabalho e mecanismo de facilitação de acesso, capaz de promover a equidade e universalidade da Atenção à Saúde. Entretanto, ainda é um projeto em construção. Através dos resultados obtidos, as rodas de conversa foram úteis tanto na qualificação técnica dos profissionais, em relação ao acolhimento, quanto na organização do seu processo de trabalho, pois proporcionaram a interação dos serviços ofertados com as necessidades da comunidade.

Ano da defesa: 
2019
Linha de pesquisa: 
EDUCAÇÃO E SAÚDE: TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DA EDUCAÇÃO, COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS
Autor: 
Karley José Monteiro Rodrigues
Orientador: 
Profa. Dra. Katia Fernanda Alves Moreira
IES associada: 
Universidade Federal de Rondônia