Os preceptores da Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade do Estado de São Paulo: Quem são? Onde estão? O que fazem?

Introdução: A Residência Médica é considerada o padrão-ouro para a formação de médicos especialistas, tanto no Brasil quanto em outros países, sendo institucionalizada oficialmente a partir de 1977 no país. Um dos programas que mais cresceu nos últimos anos, em termos de vagas ofertadas, foi o de medicina de família e comunidade. Dentro da organização dos programas de residência consta a participação de um profissional responsável pela formação, o preceptor. Esse profissional pode ser considerado o principal responsável pelo residente em medicina de família e comunidade, pois estarão juntos por 2 anos consecutivos e exercerá a função de modelo, na prática do trabalho, na formação desse profissional. Contudo, o termo preceptor pode estar bem consolidado para outras residências, mas na medicina de família e comunidade há necessidade de maior exploração sobre o papel desse profissional. Assim, se reconhece a necessidade de se conhecer as características desse profissional, sua formação, tanto técnica (dentro da área) quanto pedagógica para exercer seu papel, quais as potencialidades e desafios que esse trabalho exige e se tem algum apoio pedagógico para tal. Objetivos: Identificar o perfil dos preceptores dos programas de residência médica em medicina de família e comunidade do estado de São Paulo, conhecendo suas características pessoais, profissionais e formação. Materiais e Métodos: Estudo exploratório, de caráter qualitativo e quantitativo, no qual foram aplicados questionários para os preceptores das residências e para os coordenadores dos programas, com questões abertas e fechadas. O questionário foi aplicado por meio virtual, utilizando-se o endereço eletrônico dos entrevistados, obtido na Comissão Estadual de Residência Médica. Os profissionais foram convidados via endereço eletrônico a participar da pesquisa, tendo o período de novembro de 2017 a maio de 2018 como prazo para fazê-lo. Os dados foram analisados qualitativamente a partir da análise de conteúdo de Bardin e análise quantitativa por estatística descritiva simples. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina de Botucatu. Resultados: Foi possível obter 67 respostas de preceptores (50% do número de contatados) e 24 coordenadores (52% do número de contatados) em 27 programas diferentes (58% do número de contatados). São 52% de mulheres, com idade variando de 27 - 62 anos, sendo a mediana de formação de 12 anos. Observou-se que 73% dos entrevistados atuaram como médicos de família antes de serem preceptores, com mediana de 60 meses. A mediana expressa que atuam na residência há 24 meses no atual programa referido. Têm vínculo em rede 64% dos programas. Os residentes variam de 1 a 9 por preceptor e 67% atuam também na formação de graduandos. São 70,1% especialistas em medicina de família e comunidade e 82,1% têm ao menos uma formação de educação para a preceptoria. Observou-se que 62% estão satisfeitos com a atuação e 40% demonstram dificuldade em atuar como preceptor. As categorias temáticas foram divididas em 4 grupos e subgrupos nos núcleos de sentido. Grupo 1 – O Que é ser Médico de Família e Comunidade: Princípios da Atenção Primária; Características do Médico de Família e Comunidade; Saúde Pública e Gestão e Outros. O grupo 2 – O que é ser Preceptor: Processo de trabalho direto com o residente; Acolher, formar e transformar; Organização e gestão da unidade; Outros resultados interessantes. Grupo 3 – Recompensas e desafios de ser preceptor. As recompensas foram divididas em 11 grupos desde melhora da assistência até satisfação pessoal. Os desafios também foram divididos em 11 grupos, desde a demanda da unidade até o espaço físico. Grupo 4 - Formação do preceptor: Sem formação; estímulo para cursos externos; atualização de metodologias de ensino e planejamento; aulas e matriciamento. Considerações Finais Há singularidades entre os programas e os profissionais que atuam hoje como preceptores dos programas de residência médica em medicina de família e comunidade, fato importante de se conhecer para balizar um campo de conhecimento e evolução em comum de todos os programas. Há necessidade de formação continuada dos preceptores em seus programas, através da educação permanente.

Ano da defesa: 
2019
Linha de pesquisa: 
GESTÃO E AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA/ATENÇÃO BÁSICA
Autor: 
Lucas Gaspar Ribeiro
Orientador: 
Profa. Dra. Eliana Goldfarb Cyrino, Profa. Dra. Marina Lemos Villardi
IES associada: 
Universidade Estadual Paulista