A Atenção Primária em Saúde (APS) deveria ser a porta de entrada dos usuários no Sistema no Sistema Único de Saúde (SUS), possui papel importante na condução, organização e atenção, promovendo e ampliando a assistência. Na conjuntura de saúde vivida no Brasil, diante dos desafios de implantação e manutenção do SUS, com destaque para financiamento, a pandemia pelo novo coronavírus trouxe ainda mais tensão e demanda ao sistema, apesar disto, alguns locais investiram no atendimento remoto. Diante disso, o estudo teve objetivo compreender como foi organizado o processo de trabalho em relação ao telemonitoramento às pessoas com sintomas respiratórios acompanhadas por equipes da APS, no município de Ponta Grossa. Tratou-se de um estudo exploratório qualitativo realizado em Ponta Grossa - PR, no qual foram entrevistados, no ano de 2021, 12 enfermeiros de Unidades Básicas de Saúde (UBS) e um gestor voltado à APS. A escolha desses profissionais foi intencional, visto que todos estavam envolvidos com a organização do telemonitoramento no município, participando ativamente nesta atividade por, no mínimo, três meses. As entrevistas foram transcritas integralmente com auxílio de software (sonix), lidas, revisadas e analisadas pelos autores à luz da abordagem fenomenológica hermenêutica de Paul Ricoeur. Cada UBS teve liberdade para organizar o trabalho diante da imposição do telemonitoramento de sintomáticos respiratórios. As dificuldades ressaltadas foram a escassez de salas, pessoas e ferramentas tecnológicas, com relatos de uso de recursos dos próprios trabalhadores para garantia do monitoramento à distância. Observou-se ausência de treinamento e sensação de excesso de trabalho. Por outro lado, os entrevistados relataram experiências positivas a respeito do aprimoramento para o trabalho com tecnologias, comprometimento e integração entre a equipe, maior proximidade e vinculação com as pessoas de seu território. Também percebeu-se, nos colaboradores, discursos relacionados ao interesse, comprometimento, iniciativa, motivação, participação e colaboração. Contudo, não foi possível afirmar o quanto as pessoas suportariam tais condições de trabalho, com aumento de sua precarização. Neste caso em particular, o atendimento remoto garantiu o telemonitoramento de pessoas com sintomas respiratórios, mas não teve o objetivo de ampliar o acesso de modo geral aos atendimentos. Palavras-Chave: Atenção Primária. Telessaúde. Trabalho. Sistema Único de Saúde. COVID-19.