A percepção favorável sobre medidas não farmacológicas (MNF) de prevenção da doença pelo Coronavírus 2019 (COVID-19) e a adesão associada podem reduzir o contingente de infectados na população. Apesar da considerável atenção científica e social aos impactos da pandemia de COVID-19 em áreas urbanas, foi dado pouco enfoque a esse impacto nas comunidades rurais, que geralmente têm cuidados de saúde menos acessíveis e maiores taxas de pobreza e baixa instrução. O foco deste trabalho de conclusão de mestrado foram as MNF de prevenção da COVID-19 pela comunidade rural de Canafístula, município de Araçagi-PB, com a elaboração de um artigo científico original dos resultados de uma pesquisa de campo envolvendo usuários do território da UBS, assim como um produto técnico-educativo sob a forma de conteúdos em áudio, disponibilizados como podcasts para informação da comunidade. O objetivo geral do estudo de campo foi avaliar a percepção e prática de MNF de prevenção da COVID-19 por usuários atendidos pela Unidade Básica de Saúde (UBS) de Canafístula. Realizouse a coleta de dados primários por meio da aplicação de um questionário estruturado em entrevista presencial na UBS com 70 usuários. O tipo desta pesquisa foi observacional e transversal, com abordagem quantitativa, utilizando estatística descritiva e inferencial com o teste do qui-quadrado e razão de prevalência, com intervalo de confiança de 95%. O perfil sociodemográfico revelou uma amostra de idade mediana de 41 anos, feminina, negra, com nível educacional fundamental/médio, não casada e renda familiar de um salário-mínimo e saneamento precário. Observou-se que todos referiram ter adquirido informações sobre higienização das mãos e uso de máscaras faciais, enquanto menores percentuais foram alcançados em informações sobre isolamento social. Verificou-se que 97% relataram adoção de 3 ou mais MNF de prevenção, com concordância entre o relato de informação recebida e o de adoção da correspondente MNF em mais de 90% da amostra, exceto para isolamento social. A principal fonte de informação foram TV, rádio e jornal, seguida por mídias sociais digitais, ainda que a maior confiança tenha sido atribuída às informações de profissionais de saúde. Quase metade da amostra referiu se sentir confiante nas MNF de prevenção da COVID-19. Por outro lado, apenas 40% consideraram alto o risco de contágio pessoal ou da sua família, mas 94% percebiam a COVID-19 como grave ou muito grave, o que é compatível com o autorrelato de alta adesão ao uso de máscaras e higienização das mãos em percentuais superiores a 90%. Verificou-se, por meio de razão de prevalência, que a prática do isolamento social parcial, a obtenção de informações sobre o uso de máscaras e informação dada por profissionais de saúde reduziram a chance de COVID-19, enquanto informações de amigos/vizinhos/parentes aumentaram essa chance. O segundo produto da dissertação foi elaborado em fases de pré-produção (planejamento, convite dos entrevistados e roteirização), produção (gravação) e a pós-produção (edição do áudio gravado, publicação e divulgação). Os podcasts tiveram participação de líderes comunitários, profissionais de saúde e gestores, em oito episódios que abordaram, de forma acessível, as medidas de prevenção da COVID-19. Conclui-se que os objetivos propostos nesta dissertação foram alcançados e, portanto, a pesquisa revelou a percepção da COVID19 como uma doença grave, houve confiança nas MNF preventivas, sobretudo por parte da equipe de saúde, ainda que a principal fonte de informação tenham sido a TV e os jornais. A adoção das MNF foi alta, cerca de 90%, com exceção do isolamento. Com a divulgação dos podcasts por meio da rádio e da internet, a comunidade poderá receber um retorno informativo sob a forma de educação popular em saúde. Palavras-Chave: Prevenção. Educação Popular em Saúde. Estratégia Saúde da Família. COVID-19. Saúde Pública.