A ceratose actínica é lesão máculo-papulosa de coloração variável, recoberta por escama seca, com surgimento em áreas fotoexpostas principalmente em indivíduos de pele clara e exposição à radiação solar. Pode ser única ou múltipla, geralmente assintomática, cuja evolução natural é permanecer estável, regredir ou progredir para carcinoma espinocelular. É considerada lesão pré-maligna, devendo ser precocemente identificada e tratada. Os objetivos deste estudo foram avaliar a frequência e fatores associados à ceratose actínica na população acima de 60 anos da área adscrita à Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Botânico em Sinop/MT, descrever as características da ceratose actínica como fator associado a neoplasias de pele e estimar sua prevalência na população do estudo, no período determinado contextualizando com a prevalência na população brasileira e mundial. Trata-se de estudo quantitativo, seccional, realizado através de avaliação clínica e entrevista semiestruturada aplicada por médicos, em amostra de pacientes que preencheram os critérios de inclusão e acessaram a UBS em um período de seis semanas em 2019. Participaram deste estudo 108 usuários. Nunca utilizaram fotoproteção química, 65% dos pacientes e 54% não a utilizam atualmente. Dentre os métodos de fotoproteção física, 29 (26%) usuários referiram utilizar chapéu ou boné e 20 (18%) utilizam mangas compridas. Apresentavam fototipos baixos, segundo Fitzpatrick, 69 indivíduos (63,9%). Foi diagnosticada ceratose actínica em 58 usuários (53%). Não sendo mutuamente excludentes: 39 pacientes apresentavam lesões de grau 1; 37 indivíduos com grau 2 e 16 indivíduos com grau 3. O diagnóstico prévio de ceratose actínica aumentou em oito vezes a chance de um indivíduo apresentar nova lesão e fototipos claros aumentou em quatro vezes a chance de desenvolver a patologia. Conclui-se que a prevalência de ceratose actínica foi três vezes maior do que a descrita em literatura nacional, estando associada aos fototipos claros. Idade avançada e ceratose actínica prévia estiveram associadas na análise bivariada, aliada à uma alta frequência de irregularidade nos hábitos de fotoproteção. A qualificação na assistência para o diagnóstico desta patologia e o exame metódico da pele em consulta de rotina podem contribuir para a detecção e medidas de prevenção voltadas para ceratose actínica.