Prevalência de sífilis entre homens que fazem sexo com homens no Brasil

INTRODUÇÃO: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), tem-se observado um aumento das infecções sexualmente transmissíveis (IST) em diversos países no mundo, entre elas, a sífilis. A sífilis é uma infecção bacteriana de caráter sistêmico, curável e exclusiva do ser humano. O progresso na prevenção declinou nas últimas duas décadas com o ressurgimento da infecção em todo o mundo. A sífilis no Brasil tem acompanhado o crescimento mundial e o crescimento nas taxas de sífilis no país é atribuído primariamente aos homens que fazem sexo com homens (HSH), devido este grupo possuir uma carga desproporcionalmente maior da doença. MATERIAL E MÉTODO: Um estudo multicêntrico transversal foi realizado em 12 capitais brasileiras, incluindo o Distrito Federal, representando as cinco regiões políticoadministrativas do Brasil, de junho a dezembro de 2016. O estudo utilizou o método Respondent Driven Sampling para amostrar 4.176 homens que fazem sexo com homens. RESULTADOS: A amostra de HSH caracteriza-se por ser jovem (56,5% tinham menos do que 25 anos), mais de 70% (71,3%) tinham, no mínimo, o ensino médio completo, 67,7% se identificaram como não brancos e mais da metade (56,7%) advinham das classes sociais mais desfavorecidas (C, D e E). Mais de 80,0% (82,5%, IC: 80,q – 84,6) consultaram um médico no último ano anterior a pesquisa. A prevalência de IST auto relatada na vida foi de 27,8%, com destaque para sífilis (52,1%), HIV/Aids (27,5%) e gonorreia (23,4%). Além disso, quase 20,0% apresentaram algum sintoma de IST no último ano, como úlceras/feridas (7,5%) e bolhas (7,1%) no pênis e/ou anus. Destes, 81,8% receberam tratamento para estes sintomas. Menos de 40% referem ter recebido algum material educativo sobre IST no último ano. Dentre os que receberam algum material, 53,0% informam que receberam no serviço público de saúde. Somente 53,8% apresentam conhecimento suficiente sobre as formas de transmissão do HIV. CONCLUSÃO: Este estudo mostrou uma elevada taxa de prevalência de sífilis na vida entre HSH no Brasil. O valor encontrado em 2016 foi 355 vezes maior que a taxa de detecção na população geral brasileira em 2018. E mais, a metade destes casos de sífilis entre os HSH foram classificados como na forma ativa, ou seja, recente. A meta estabelecida pela OMS de reduções de 90% na incidência de gonorreia e sífilis, globalmente, entre 2018 e 2030, frente às necessidades de ampliações de serviços de prevenção, testes e tratamento a fim de alcançar esses objetivos, parece difícil de ser atingido.

Ano da defesa: 
2019
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Carla Kerr Pontes
Orientador: 
Profa. Dra. Ivana Cristina de Holanda Cunha Barreto, Profa. Dra. Ligia Regina Franco Sansigolo Kerr
IES associada: 
Fiocruz Ceará
Arquivo: