Prevalência de vulnerabilidade clínico-funcional entre idosos em unidade básica de saúde

Introdução: O reconhecimento de indivíduos idosos com fragilidade é um assunto que precisa ser cada vez mais debatido nos serviços de atenção primária à saúde. A síndrome da fragilidade é uma condição multifatorial que resulta em vulnerabilidade clínica e predisposição a perda de funcionalidade, além de aumento de mortalidade. Objetivos: O presente estudo tem como objetivo verificar a prevalência de vulnerabilidade clínico-funcional (fragilidade) e fatores associados entre os idosos do território de Unidade Básica de Saúde (UBS) de Vitória da Conquista – Bahia. Com base nos resultados obtidos, propor um fluxograma de atendimento aos idosos na rede municipal de atenção à saúde tendo a UBS como porta de entrada. Método: Trata-se de um estudo observacional de corte transversal, de abordagem quantitativa, com base em dados obtidos através da aplicação de ficha própria contendo o Índice de Vulnerabilidade Clinico-Funcional (IVCF-20) e dados sociodemográficos em usuários (as) idosos (as) de UBS. O cálculo da amostra foi realizado considerando o número de idosos cadastrados na unidade, nível de confiança de 99% e erro amostral de 5%, acrescido de 7% estimando eventuais perdas. Com isso, foram avaliados 354 idosos (as) selecionados de maneira aleatória pela equipe da unidade. Os dados foram processados e analisados utilizando-se ferramentas estatísticascom análises descritivas, bivariada e múltipla. Resultados: Os (as) idosos (as) avaliados (as) tinham idade média de 72,4 anos (DP 8,35), em sua maioria mulheres (61,9%), autodeclarados (as) negros (as), com baixa escolaridade e residindo apenas com o cônjuge. Quanto à fragilidade, observou-se uma prevalência de Alta Vulnerabilidade Clínico-Funcional (AVCF) ou fragilidade em 15,8% dos idosos, Moderada Vulnerabilidade Clínico-Funcional (MVCF) ou pré-frágeis em 32,2% e foram considerados com Baixa Vulnerabilidade Clínico-Funcional (BVCF) ou robustos 52%. Houve associação estatisticamente relevante entre fragilidade e dependência para atividades diárias, tanto básicas quanto instrumentais, além de alterações na mobilidade em idosos acima de 80 anos. Além disso, observamos associação importante entre fragilidade e comorbidades múltiplas (polipatologia, polifarmácia e internação recente). Com base em nossos resultados, sugerimos a adoção de um fluxograma de atendimento ao (a) idoso (a), partindo-se da estratificação do (a) idoso (a) pela aplicação do IVCF-20. Discussão: O uso do fluxograma é de grande relevância visto que, ao se realizar o rastreamento precoce da fragilidade em indivíduos e a sua associação com as dimensões da funcionalidade, são consideradas como ações fundamentais para se propor intervenções de cuidados que tenham a capacidade de garantir a autonomia e ainda, manter o grau de independência dos idosos. Esperase ter a possibilidade de estimular outras equipes de Unidades Básicas de Saúde (UBS) locais a realizar o rastreamento em seus idosos e aplicar o fluxograma elaborado no estudo, para ampliar, assim o impacto positivo na qualidade de assistência à saúde da pessoa idosa no município e favorecer as políticas públicas voltadas para a população idosa.

Ano da defesa: 
2021
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Joana Trengrouse Laignier de Souza
Orientador: 
Profa. Dra. Dóris Firmino Rabelo
IES associada: 
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia