Rastreamento para síndrome da apneia obstrutiva do sono e fatores associados em população com hipertensão arterial sistêmica na Atenção Primária em Saúde

A Síndrome da Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS) é caracterizada por episódios recorrentes de obstrução parcial (hipopneia) ou total (apneia) da via aérea superior durante o sono e redução ou interrupção do fluxo aéreo pela laringe, mesmo com a intensificação do esforço respiratório. Apesar de ser condição negligenciada, tem prevalência entre 30 e 56% na população hipertensa, é responsável por 80% da hipertensão arterial resistente (HAR), causa de sonolência diurna, hiperutilização de serviços de saúde, redução da capacidade laboral, sintomas depressivos, acidentes de trânsito e de trabalho e fator de risco para doenças cardiovasculares (DCV). O presente estudo objetivou determinar a prevalência de rastreamento positivo para SAHOS e identificar fatores associados em população hipertensa em um serviço de Atenção Primária à Saúde (APS). Foi realizado estudo transversal com 326 indivíduos hipertensos adscritos a uma unidade de APS de município de porte médio da Região Leste do estado de Minas Gerais, os quais foram entrevistados entre março e dezembro de 2018. Variáveis antropométricas, clínicas e sociodemográficas foram obtidas e registradas em instrumento construído pelos autores. Foram utilizados os questionários Short Assessment of Health Literacy for Portuguese-Speaking Adults (SAHLPA-18), para identificar o letramento em saúde; a Morisky Medication Adherence Scale (MMAS-8), para quantificar adesão medicamentosa e o Snoring, Tiredness, Observed Apnea, High Blood Pressure, Bodymass index, Age, Neck Circumference, and Gender - STOP-Bang, para rastreamento da SAHOS. O sexo feminino foi majoritário (66,3%), a idade média foi de 61,22 ± 10,32 anos e o tempo médio de tratamento para hipertensão arterial sistêmica (HAS) foi de 12,51 ± 9,83 anos. A maioria das pessoas foi classificada com baixo letramento em saúde (69,0%) e 67,5% dos participantes demonstraram boa adesão medicamentosa. O estudo identificou 86,5% de rastreio positivo para SAHOS e o sexo masculino e a obesidade como fatores associados a essa condição (p<0,001). Os resultados indicam que o rastreamento da SAHOS deve ser realizado em indivíduos com HAS, em serviços de APS, assim como é feito o rastreamento de outras doenças crônicas não transmissíveis.

https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/10282

Ano da defesa: 
2019
Linha de pesquisa: 
PESQUISA CLÍNICA: INTERESSE DA ATENÇÃO BÁSICA
Autor: 
Leonardo Ennes Carrilho
Orientador: 
Profa. Dra. Isabel Cristina Gonçalves Leite
IES associada: 
Universidade Federal de Juiz de Fora