A resiliência na área da saúde e suas contribuições na manutenção ou transformação da realidade social

Na expectativa de encontrar respostas que esclarecessem o motivo de algumas pessoas serem expostas a riscos e eventos traumáticos e não apresentarem respostas disfuncionais, como se pode esperar nesses casos (com adoecimento, perda da funcionalidade), inicialmente buscou-se compreender esse fenômeno e as variáveis envolvidas, experimentando-se diversos conceitos que traduzissem a complexidade do mesmo, e por fim surge o termo resiliência, transposto das ciências naturais, para denominar esse processo. As pesquisas sobre a resiliência se adensam ao final da década de 1970 e início da década de 1980, em um contexto sociocultural e histórico que converge o interesse sobre o indivíduo e sua relação com a adversidade. A experimentação se mantém no campo das ciências naturais, sendo que aplicam-se métodos para medir a resiliência em pessoas, para aplicá-la em diversos contextos. Dessa prática surgem questionamentos sobre o que de fato é a resiliência e para que serve. Nesse contexto, o presente estudo busca, com base na teoria marxista, compreender esse fenômeno em sua perspectiva histórica e social ao tentar verificar se existe um conceito de resiliência e também discutir as possibilidades desse fenômeno em mudar ou manter os processos de saúde e doença. Para isso foi realizada uma pesquisa documental da qual resultaram duas vertentes sob o qual o conceito se constrói: a adversidade e a resposta a ela. Sendo que a adversidade é o que causa o risco, entendemos ser ela o próprio risco, moldado e transformado socialmente com bases materiais no modo de produção capitalista, que rege a forma com o ser humano se relaciona com a sociedade. Disso se abstrai ainda que as ações e adaptações são atribuídas ao indivíduo, ao passo que ele deve modificar sua atitude diante do risco para minimizar os efeitos nocivos do mesmo. Entendendo-se que a presença no risco é necessária e não é intenção da resiliência modificá-lo, fica claro que a exposição torna-se crônica, frequente e perene, caracterizando a manutenção dos processos que geram e determinam o adoecimento. O termo transposto torna-se em vários aspectos insuficiente, não sendo a resposta que se busca para diminuir os riscos a que as pessoas estão sujeitas na sociedade capitalista que é força motriz que mantém a realidade social.

Ano da defesa: 
2019
Linha de pesquisa: 
EDUCAÇÃO E SAÚDE: TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DA EDUCAÇÃO, COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS
Autor: 
Livia Sissi Gonçalves Souza Piechnik
Orientador: 
Prof. Dr. Guilherme Souza Cavalcanti de Albuquerque
IES associada: 
Universidade Federal do Paraná
Arquivo: