A Roda de Terapia Comunitária Integrativa na Formação Médica: Percepções dos Internos do UniFOA sobre a Integralidade da Atenção em Saúde

A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) é uma metodologia de cuidado grupal em saúde mental, desenvolvida em seis etapas e ancorada em cinco grandes eixos teóricos: o pensamento sistêmico, a teoria da comunicação, a antropologia cultural, a pedagogia de Paulo Freire e a resiliência. Este trabalho tem como cenário de desenvolvimento a cidade de Volta Redonda-RJ, onde na unidade básica de saúde da família (UBSF) Vila Brasília a pesquisadora e médica de família e comunidade (MFC) era preceptora do internato médico do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) e por ser terapeuta comunitária, implantou a TCI como ferramenta de cuidado no território, levando os estudantes de medicina a experimentarem essa vivência no cenário de práticas da Atenção Primaria em Saúde (APS). Esse estudo tem como objetivo compreender o papel da TCI como ferramenta de apoio à formação humanística, crítica e reflexiva prevista nas DCNs de medicina de 2014. Para isso foi preciso conhecer o histórico da criação do módulo de saúde coletiva do internato da faculdade de medicina do UniFOA, seus objetivos de aprendizagem e como a TCI se relaciona com esses objetivos e analisar as percepções dos alunos sobre a aprendizagem, sobre integralidade do cuidado e as contribuições da roda de TCI para a sua formação. Para a coleta de dados foi realizada entrevista semiestruturada com uma colaboradora chave, que participou tanto da implantação da TCI no município enquanto gestora quanto da inserção da TCI na grade curricular da Instituição de Ensino Superior (IES). Foram realizados também três grupos focais on-line, com internos do UniFOA que estiveram na UBSF Vila Brasília de 2018 a 2020, participando de pelo menos uma roda de TCI. Da análise de conteúdo dos grupos focais emergiram três categorias: TCI e a exposição das vulnerabilidades, TCI e a revelação das potências e TCI como modelo de cuidado, revelando que a TCI pode provocar mudanças positivas na formação do futuro médico, ampliando o olhar sobre os processos de saúde e adoecimento, permitindo o desenvolvimento de competências como a percepção sistêmica do complexo pessoa-família e comunidade, o treinamento escuta ativa e empática, a formação de vínculos com as pessoas assistidas e a valorização da medicina centrada na pessoa e nas suas necessidades reais. Além disso, foi possível conhecer parte de um projeto pedagógico inovador, inserindo a TCI no processo formativo teórico e prático. O estudo sugere que a frequência durante o internato na APS em rodas de TCI atua como facilitadora dos processos de ensino aprendizagem, na descoberta pelos estudantes de novas formas de cuidado, na busca por uma atenção integral a saúde, saindo do modelo biomédico, vertical, para um aprendizado coletivo e horizontal. Palavras-chave: formação médica, terapia comunitária integrativa, cuidado

Ano da defesa: 
2021
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Sílvia Mello dos Santos
Orientador: 
Profa. Dra. Ana Cláudia Santos Chazan
IES associada: 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro