Sepse neonatal precoce: incidência e fatores relacionados à assistência na Atenção Primária à Saúde

Introdução: No mundo a sepse no período neonatal é a principal causa de morbimortalidade, sendo que 60% da mortalidade infantil no Brasil em 2017 foi por sepse neonatal (SN). A ocorrência de sepse neonatal precoce está relacionada a diversos fatores maternos, ambientais e neonatais: corioamnionite, infecção urinária, prematuridade, bolsa rota mais de 18 horas, Streptococcus do Grupo B (GBS). Muitos dos riscos para a sepse neonatal podem ser evitados por meio de ações simples realizadas na Atenção Primária à Saúde (APS). Objetivo: analisar a incidência da sepse neonatal precoce e os fatores de risco relacionados à atenção primária à saúde em uma maternidade municipal de risco habitual em Porto Velho, Rondônia. Material e Método: Coorte retrospectivo, com 411 puérperas com seus recém-nascidos que tiveram parto vaginal ou cesariana, no período entre dezembro de 2019 a fevereiro de 2020. A coleta de dados foi realizada nos registros disponíveis no prontuário físico da participante. As informações coletadas eram referentes aos aspectos sociodemográficos, história do pré-natal, parto e características do recém-nascido. A análise múltipla realizada foi a Regressão por Poisson com auxílio do programa estatístico Stata®, versão 16.0. Resultado: A incidência de sepse foi de 75,42 por 1.000 nascidos vivos. A doença infecciosa aumentou o risco de sepse neonatal em 2,61 vezes (IC 95%: 1,34 – 5,09), o parto cesáreo apresentou-se como fator de proteção (RR: 0,44; IC 95%: 0,21 – 0,92), o baixo peso ao nascer aumentou o risco em 5,60 vezes para sepse neonatal (IC 95%: 1,69 – 18,50) e a presença do boletim de APGAR menor do que sete pontos ao final do primeiro minuto aumentou o risco de 2,96 vezes de desenvolver sepse neonatal. Conclusão: As doenças infecciosas ocorridas na gestação foram fator de risco para sepse neonatal, portanto o diagnóstico e tratamento precoce no pré-natal poderia ter evitado a ocorrência da sepse nos recém-nascidos. Também a ocorrência de baixo peso ao nascer em crianças que não eram prematuras indica que houve situações que interferiram no crescimento intrauterino do recém-nascido e deveriam ter sido corrigidas durante as ações na atenção primária à saúde. O parto tipo cesárea ter se apresentado como um fator de proteção pode ter ocorrido devido à presença de infecção não tratada no canal vaginal entre as gestantes que tiveram parto vaginal e, portanto, seus bebês tiveram mais riscos de nasceram com sepse neonatal.

Ano da defesa: 
2021
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Adenilson Oliveira Gomes
Orientador: 
Profa. Dra. Priscilla Perez da Silva Pereira
IES associada: 
Universidade Federal de Rondônia