Somos de todas as cores: narrativas de acesso à saúde de mulheres cis lésbicas e bissexuais e de homens trans

A população LGBTI+ - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Intersexo e outros - sofre com piores desfechos de saúde e maiores barreiras no acesso aos serviços de saúde, podendo, deste modo, ser considerada uma população negligenciada. Constituem esse grupo uma gama de experiências diversas e diferentes conforme a orientação sexual, identidade de gênero, além das interseções com raça e classe social. Dentro desse termo guarda-chuva, nascer no sexo feminino determina uma série de vivências e questões de saúde para pessoas dissidentes da lógica cis-heteronormativa. Ou seja, mulheres lésbicas e bissexuais e homens trans sofrem, nos serviços de saúde, com invisibilização, desconhecimento de suas necessidades de saúde e discriminação. Aqui, denominamos esse recorte como LBT (lésbicas, bissexuais e trans) - DSFN (designadas(os) do sexo feminino ao nascer). Salientamos também que, com frequência, pessoas DSFN encontram-se à mercê de um cuidado em saúde reduzido ao binômio "mulher-útero", que engendra a medicalização de seus corpos, em detrimento da abordagem integral das necessidades e subjetividades destas pessoas. Com foco nessas questões, analisamos as experiências de pessoas LBT-DSFN da região de Ouro Preto, Mariana e Itabirito na busca por cuidados em saúde. Para isso, convidamos pessoas dessa região, maiores de 18 anos, através do contato com coletivos LGBTI+ da região, e de participantes indicadas(os) por outras(os) participantes. A partir da concordância desses em participar voluntariamente deste estudo, foi solicitado que assinassem um questionário sociodemográfico e um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A metodologia utilizada foi a abordagem qualitativa de análise, através de entrevista individual, semi-estruturada, captada por meio de plataforma de vídeo-chamada. Todas as entrevistas foram transcritas, e, a partir delas, foram construídas narrativas para cada participante, as quais passaram por análise de conteúdo. Mostrou-se eloquente a heterogeneidade das experiências, que remetem aos marcadores das diferenças e revelam que as (os) participantes não são apenas vítimas passivas de um sistema normativo, mas também sujeitos ativos, o que se pode constatar através de sua resistência, subversão e negociações.

http://www.repositorio.ufop.br/jspui/handle/123456789/13953

Ano da defesa: 
2021
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
Bruna Schneider Pinto Coelho
Orientador: 
Profa. Dra. Adriana Maria de Figueiredo; Prof. Dr. Alexandre Costa Val
IES associada: 
Universidade Federal de Ouro Preto