EM TEMPOS DE COVID-19: ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

INTRODUÇÃO: A pandemia da COVID-19 representa um dos maiores desafios sanitários recentes. Houve a necessidade de reorganização do processo de trabalho das equipes de Atenção Primária à Saúde, a fim de atender tanto à demanda de mitigação dos casos de COVID-19 como manter a oferta regular de suas ações. OBJETIVO: Compreender o processo de trabalho na Estratégia Saúde da Família referente à assistência a Hipertensão Arterial Sistêmica do município de Floriano-PI, no contexto da pandemia do novo coronavírus, com enfoque nas mudanças ocorridas e nos novos arranjos de trabalho. METODOLOGIA: Trata-se de pesquisa narrativa com abordagem qualitativa realizada com dez profissionais da Estratégia Saúde da Família de Floriano-PI, por meio da realização de entrevistas. A análise das informações foi realizada de acordo com a técnica de Análise de Conteúdo proposta por Laurence Bardin, a partir da qual emergiram três categorias: Re(organização do processo de trabalho para acompanhamento dos hipertensos: antes e durante a pandemia; Entraves ao acompanhamento do hipertenso no período pandêmico; e Repercussão das mudanças na adesão ao tratamento pelos hipertensos. RESULTADOS: Percebeu-se a centralização das ações das equipes de APS para o tratamento medicamentoso, pouca oferta de ações de promoção e prevenção, além de ficar clara a relevância de assuntos como estratificação de risco dos hipertensos e o cadastramento das pessoas e famílias, a necessidade de articulação com outros pontos de atenção especializada para a garantia da integralidade da atenção e a adoção do uso de EPIcomo forma de proteção. No processo de retomada dos cuidados, observou-se a priorização aos casos mais graves e a dispensação de receitas e medicamentos, a busca ativa pelos agentes comunitários, atendimento agendado com hora marcada, a vacinação contra a COVID-19 e a incorporação de tecnologias de informação foram estratégias utilizadas para a retomada das ações. Em relação aos entraves relacionados ao cuidado aos hipertensos no período pandêmico, destacou-se o medo tanto da equipe como da população, a perda do hábito de ir até a Unidade Básica de Saúde e a sobrecarga da equipe com a vacinação. Na categoria que discutiu as repercussões trazidas diante desse processo de reorganização, evidenciou-se prejuízos na adesão ao tratamento da hipertensão e aumento de complicações e óbitos. CONSIDERAÇÕS FINAIS: A não totalidade dos cadastros e da estratificação de risco dos hipertensos, assim como a dificuldade na articulação com a assistência especializada e a baixa oferta de ações promocionais contribuíram para a baixa efetividade da assistência. A busca ativa, a vacinação, o atendimento com hora marcada e o uso de tecnologias foram fundamentais para a retomada das atividades e para a realização dos cadastros e estratificação de risco, embora avacinação tenha gerado sobrecarga da enfermagem mostrando uma falha na operacionalização da campanha. A desigualdade percebida no modo de trabalhar das equipes aliada a falta de informação sobre os indicadores foi outro empecilho encontrado. O reconhecimento pelos profissionais da importância dos cadastros e da estratificação de risco é um ponto favorável. Ficou evidente a fragilizada da APS. Palavras-chave: COVID-19; Hipertensão Arterial Sistêmica; Acesso aos Serviços de Saúde; Condições Crônicas; Atenção Primária a Saúde.

Ano da defesa: 
2022
Linha de pesquisa: 
ATENÇÃO INTEGRAL AOS CICLOS DE VIDA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Autor: 
DAYANE CRISTINA DE SOUSA ROCHA
Orientador: 
Prof. Dr. Francisco Jander de Sousa Nogueira
IES associada: 
Universidade Federal do Piauí - Campus Picos