Vacinação e hesitação vacinal: percepções dos médicos da Atenção Primária à Saúde

A vacinação é uma estratégia de prevenção e um investimento em saúde. O Programa Nacional de Imunizações no Brasil tem grande importância com a conquista sobre a erradicação de várias doenças. Contudo, nos últimos anos, observa-se uma redução no número de pessoas vacinadas e, consequentemente, o reaparecimento de doenças que eram consideradas erradicadas. A hesitação para vacinar – a relutância ou a recusa, apesar da disponibilidade da vacina – ameaça reverter o progresso feito no combate a doenças que podem ser prevenidas por meio da imunização. Objetivos: Analisar as percepções dos médicos da Atenção Primária de São Luís, Maranhão, acerca da importância das vacinas e da recusa de vacinação e descrever as causas atribuídas à hesitação vacinal. Metodologia: Estudo transversal, descritivo, onde as variáveis de interesse foram registradas por meio de questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas para médicos da atenção primária à saúde de São Luís, Maranhão. Resultados: A maioria era mulheres (58,5%), casadas ou em união estável (58,5%), com filhos (51,2%), com mais de 35 anos (53,7%), com mais de cinco anos de graduação (56,1%), sem curso de especialização (53,7%), tinham cartão de vacina (92,7%) e receberam imunização contra influenza (97,6%), tríplice viral (92,7%) e COVID-19 (75,6%). 100% dos médicos consideraram o Programa Nacional de Imunizações confiável e já atenderam pacientes que apresentavam dúvidas e/ou receio sobre a segurança e/ou eficácia das vacinas. 82,9% responderam não serem frequentes eventos adversos na vacinação. 70,7% consideraram que vacinas são testadas tanto para segurança quanto para eficácia antes de serem comercializadas. 100% acreditavam que vacinas protegem crianças precocemente antes da exposição às doenças infecciosas. 95,1% responderam que não vacinar um menor compromete a imunização de rebanho. 90,2% não consideraram ser ético respeitar apenas a vontade do paciente e desconsiderar a saúde dos demais. 58,5% responderam que uma escola não pode recusar receber criança não vacinada em virtude da recusa vacinal. 85,4% consideraram ser defensável os pais decidirem sobre a aplicação de vacinas em seus filhos. 95,1% informaram que os médicos não podem recusar atender famílias que são contra a vacinação. 87,8% acreditam que devem denunciá-las por recusarem vacinar seus filhos. 68,3% consideraram a falta de conhecimento sobre as vacinas como primordiais fatores responsáveis pela recusa do processo de vacinação e 24,9% citaram “Fake News” como principais causas de hesitação. Conclusão: O estudo concluiu que o Programa Nacional de Imunizações é considerado confiável pelos médicos. Os profissionais de saúde assistem pacientes que apresentam dúvidas e/ou receio sobre a segurança e/ou eficácia das vacinas. Os médicos não consideram frequentes os efeitos adversos à vacinação e confiam que as vacinas são testadas quanto à eficácia e segurança. A falta de conhecimento e a disseminação de “Fake News” são as principais causas de hesitação vacinal. Considerações finais: Deve-se investir na estruturação dos serviços de atenção primária à saúde para o enfrentamento da recusa vacinal. Ressalta-se a necessidade de organizar programas de enfrentamento para que profissionais orientem corretamente seus pacientes acerca da eficácia e segurança das vacinas combatendo as “Fake News” e demais causas de recusa vacinal.

Ano da defesa: 
2021
Linha de pesquisa: 
INFORMAÇÃO E SAÚDE
Autor: 
Dyegila Karolinne Costa da Silva
Orientador: 
Profa. Dra. Maria do Carmo Lacerda Barbosa,Prof. Dr. Márcio Moysés de Oliveira
IES associada: 
Universidade Federal do Maranhão